Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/31652
Tipo: Tese
Título: Aspectos ontológicos e epistemológicos do conceito darwinista de adaptação no discurso pedagógico de biologia no ensino médio.
Autor(es): Lima, Tasso Meneses
Autor(es): Lima, Tasso Meneses
Abstract: Esta pesquisa qualitativa analisou aspectos ontológicos e epistemológicos do conceito darwinista de adaptação no discurso pedagógico de Biologia no Ensino Médio. Foram examinados diferentes contextos de apresentação do conceito de adaptação em livros didáticos (LDs), bem como a significação desse conceito por professores e a relação que estabelecem com o seu ensino. Realizamos análise categórica de conteúdo (AC) do discurso pedagógico com auxílio de uma matriz semântica de adaptação (MSA). À luz da Teoria dos Perfis Conceituais, a MSA organiza a polissemia do conceito de adaptação nos diferentes domínios culturais, a partir de compromissos ontológicos e epistemológicos que constituem diferentes concepções e estabilizam zonas que compõem o perfil conceitual de adaptação. A construção de perfis conceituais é uma forma de modelar a heterogeneidade de modos de pensar e formas de falar, e a MSA é uma etapa metodológica desse modelo. Nesse trabalho, a MSA constituiu uma ferramenta efetiva para a produção de inferências sobre as formas de falar sobre a adaptação, devido a seu potencial heurístico para reconhecer aspectos ontológicos e epistemológicos desse conceito na pluralidade de ideias apresentadas no discurso pedagógico, bem como para a compreensão desse discurso em seus contextos de aplicação. Definimos discurso pedagógico a partir da Teoria do Dispositivo Pedagógico de Bernstein, a qual descreve o processo de recontextualização de um campo específico de conhecimento na constituição do currículo escolar. Nesse processo, regras de controle simbólico da consciência exercem ações seletivas sobre significados potenciais a serem recontextualizados. Por meio desde controle, a consciência recebe formas de comunicação especializadas que veiculam uma distribuição de poder resultante de disputas entre diferentes grupos sociais pelo direito de impor socialmente suas construções culturais. Esta noção se alinha com a ideia Vygotskiana de que construções coletivas se impõem à cognição individual, uma vez que esta se desenvolve mediante internalização de ferramentas culturais, por meio de interações sociais. O quadro teórico descrito acima fundamentou a questão de pesquisa desta tese, qual seja: como se configura a significação do conceito darwinista de adaptação no discurso pedagógico quando examinada a partir da análise de compromissos ontológicos e epistemológicos sistematizados numa matriz semântica sobre esse conceito? Nossas análises mostraram a prevalência nos LDs da dimensão ontológica de adaptação como característica associada à seleção natural. As narrativas que apresentaram a adaptação como um processo e como um estado de ser fizeram uso de explicações funcionais para justificar o ajustamento do organismo ou de alguma característica ao meio. A recorrência das explicações funcionais evidencia o papel da linguagem teleológica no discurso da ciência escolar, sobretudo para explicar os fenômenos evolutivos, a despeito de reações tipicamente negativas encontradas em parte da literatura em Ensino de Ciências. A significação do conceito de adaptação obtida a partir dos depoimentos dos “grupo de significação não aproximada”, não apresentou qualquer relação com a seleção natural, a qual sequer foi citada. Diversas abordagens, tanto aquelas cuja dimensão ontológica da adaptação se referiu a uma característica quanto aquelas que se referiram um processo ou estado de ser, sugerem que a baixa compreensão sobre a ação da seleção natural deu lugar a compromissos com a visão adaptacionista e prospectiva de evolução. Segundo os docentes, a polissemia, a ideia de progresso e intencionalidade são fatores que dificultam o ensino do conceito de adaptação, o qual se agrava perante fatores culturais como a crença religiosa, que muitas vezes resulta na regeição imediata dos estudantes. Por fim, a formação continuada dos professores constituiu um fator influente sobre o modo de falar sobre conceitos evolutivos, e a aproximação com a pesquisa científica, principalmente através de grupos de pesquisa, mostrou-se um caminho promissor à produção de discursos mais apropriados ao contexto escolar.
ABSTRACT This qualitative research analyzed ontological and epistemological aspects of the darwinian concept of adaptation in the pedagogical discourse of Biology in high school. Different contexts of presentation of the concept of adaptation in textbooks (TBs) were examined, as well as the meaning of this concept by teachers and the relationship they establish with their teaching. We performed categorical content analysis (CAs) of pedagogical discourse with the aid of the semantic matrix of adaptation (SMA). In the light of the Conceptual Profile Theory, SMA organizes the polysemy of the concept of adaptation in different cultural domains, based on ontological and epistemological commitments that constitute different conceptions and stabilize zones that make up the conceptual profile of adaptation. Conceptual Profile is a way of modeling students' heterogeneity in thinking and speaking, and the SMA is a step in the construction of this model. In this work, the SMA was an effective tool for producing inferences about ways of talking about adaptation, due to its heuristic potential to recognize ontological and epistemological aspects of this concept in the plurality of ideas presented in the pedagogical discourse, as well as for the comprehension of this discourse in its contexts of application. We define pedagogical discourse according to Bernstein's Pedagogical Device Theory, which describes the process of recontextualizing a specific field of knowledge in the constitution of the school curriculum. In this process, rules of symbolic control of consciousness exert selective actions on potential meanings to be recontextualized. Through this control, consciousness receives specialized forms of communication that convey a distribution of power resulting from disputes between different social groups for the right to socially impose their cultural constructions. This notion aligns with the Vygotskian idea that collective constructions impose themselves on individual cognition, since it develops through the internalization of cultural tools through social interactions. The theoretical framework described above substantiated the research question of this thesis, namely: how is the meaning of the darwinian concept of adaptation in pedagogical discourse configured when examined from the analysis of systematized ontological and epistemological commitments in a semantic matrix about this concept? Our analyzes showed the prevalence in TBs of the ontological dimension of adaptation as a characteristic associated with natural selection. The narratives that presented adaptation as a process and as a state of being made use of functional explanations to justify the adjustment of the organism or some characteristic to the environment. The recurrence of functional explanations highlights the role of teleological language in school science discourse, especially to explain evolutionary phenomena, despite the typically negative reactions to it found in part of the literature in Science Education. The significance of the concept of adaptation obtained from the testimonies of the “group of not approximate meaning”, had no relation to natural selection, which was not even mentioned. Several approaches, both those whose ontological dimension of adaptation referred to a characteristic, and those that referred to a process or state of being, suggest that the poor understanding of the action of natural selection gave rise to compromises with the adaptive and prospective view of evolution. According to the teachers, polysemy, the idea of progress and intentionality are factors that hinder the teaching of the concept of adaptation, which is aggravated by cultural factors such as religious belief, which often results in the immediate regimen of students. Finally, the continuing education of teachers was an influential factor in the way of talking about evolutionary concepts, and the approach to scientific research, especially through research groups, proved to be a promising way to produce more context-appropriate discourses.
Palavras-chave: Biologia (Ensino Médio)
Adaptação (Biologia)
Estudo e Ensino (Ensino Médio)
Evolução (Biologia)
Livros didáticos - Análise
Discurso pedagógico
Matriz semântica de adaptação
Livros didáticos
Professores de ensino médio
Pedagogical discourse
Semantic matrix of adaptation
Textbooks
High school teachers
CNPq: Ensino de Ciências
Educação
País: Brasil
Sigla da Instituição: FACED/UFBA
UEFS/UFBA
metadata.dc.publisher.program: em Ensino Filosofia e História das Ciências
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31652
Data do documento: 12-Mar-2020
Aparece nas coleções:Tese (PPGEFHC)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Tese versão final Tasso Meneses Lima.pdf3,98 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.