Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36040
Tipo: Tese
Título: Vendo vozes e ouvindo mãos: o que os sinais caseiros nos dizem sobre aquisição de linguagem ou da linguagem
Autor(es): Cerqueira, Ivanete de Freitas
Primeiro Orientador: Teixeira, Elizabeth Reis
metadata.dc.contributor.referee1: Teixeira, Elizabeth Reis
metadata.dc.contributor.referee2: Cavalcante, Marianne Carvalho Bezerra
metadata.dc.contributor.referee3: Castro Júnior, Gláucio de
metadata.dc.contributor.referee4: Flores, Vinicius Martins
metadata.dc.contributor.referee5: Bento, Nanci Araújo
Resumo: Esta tese inscreve-se nos estudos de Aquisição da Linguagem, e aborda a realidade de Surdos nascidos em famílias ouvintes e sem acesso a nenhuma língua de sinais. Com propósito descritivo-explicativo, este trabalho de natureza básica objetivou, principalmente, descrever como os sinais caseiros se inseriam no processo comunicativo de filhos surdos com familiares ouvintes, tendo em vista o nível de compreensão entre interlocutores, a distinção entre sinais e gestos, além do grau de iconicidade concernente às unidades gestuais. Para tanto, recorreu-se às teorias de Erving Goffman (1974), David McNeill (1992, 2000) e Christian Cuxac (1993, 2003, 2010), bem como aos estudos de Susan Goldin-Meadow e colegas (1975, 1998, 2003, 2021) e Ivani Souza-Fusellier (2004). O corpus provém de uma pesquisa de campo iniciada com um mapeamento para localizar os Surdos no Vale do Juruá, no Acre. Em seguida, houve entrevistas a partir de formulário de anamnese e aplicação de atividades eliciativas, como o Teste de Nomeação Espontânea, o ERT – Exame Fonético Fonológico (TEIXEIRA, 2006) e contação de histórias com base em sequência de imagens, segundo os trabalhos de Sallandre (2003) e Souza-Fusellier (2004). Deste estudo, participaram quatro Surdos, com idades entre nove (09;00) e vinte e quatro anos (24;00), sendo três do sexo feminino e um do sexo masculino. ACN, TBE, JCA e ESA, designados a partir de suas iniciais, são surdos severos/profundos, que vivem em locais de difícil acesso, ramais mais precisamente, e nunca tiveram contato com língua sinalizada, em especial à Língua Brasileira de Sinais (Libras). Durante o processo de coleta, as informações foram registradas em formulários (anamnese) e vídeos. Os dados filmados foram convertidos para Windows Media Video (WMV), antes de serem transcritos no ELAN (Eudico Linguistic Annotator) e transformados em imagens sequenciadas, o que permitiu a identificação e análise dos enunciados nos níveis linguísticos, a distinção de gestos e sinais, e maior compreensão da iconicidade. Os resultados sugerem que: 1) Surdos e familiares partilham de um léxico comum, embora os ouvintes, em geral, se apoiem bastante em gestos coverbais; 2) os movimentos gestuais dos Surdos são unidades lexicais que se manifestam como sinais estabilizados (nomes, processos, marcadores de tempo, avaliativos.), apontamentos, transferências e gestos de chamamento (marcadores conversacionais); 3) o sinal é essencialmente icônico, sem deixar de ser convencional e arbitrário. Enfim, é pertinente afirmar que os sinais caseiros são signos linguísticos que atuam nas Línguas de Sinais Caseiras de Surdos que, não tendo acesso, precocemente, a uma língua de sinais institucionalizada, passaram a desenvolver, pari passu, seu próprio instrumento de interação, mediante o espaço linguístico-comunicativo encontrado no seio familiar.
Abstract: This thesis resides in the Language Acquisition studies and addresses the reality of Deaf people born into hearing families and without access to any sign language. With a descriptive-explanatory purpose, this work of basic nature aims, mainly, to describe how homesigns were inserted in the communicative process of deaf children with hearing relatives, considering: the level of understanding between interlocutors; the distinction between signs and gestures; along with the degree of iconicity concerning the gestural units. To do so, we turned to the theories of Erving Goffman (1974), David McNeill (1992, 2000), and Christian Cuxac (1993, 2003, 2010), as well as the studies of Susan Goldin-Meadow and colleagues (1975, 1998, 2003, 2021) and Ivani Souza-Fusellier (2004). The corpus comes from field research that began with a mapping process to identify deaf people in Vale do Juruá, in Acre. Then, interviews were conducted using an anamnesis form and usage of eliciting activities, such as the Spontaneous Naming Test, the ERT - Phonological Phonetic Exam (TEIXEIRA, 2006), and storytelling from a sequence of images, according to the works of Sallandre (2003) and Souza-Fusellier (2004). Four deaf people participated in this study, aged between nine (09.00) and twenty-four-year-old (24.00), three women and one man. ACN, TBE, JCA, and ESA, assigned by their initials, are severe/profound deaf, who live in places of difficult access, isolated more precisely, and have never had contact with any sign language, especially Brazilian Sign Language (LIBRAS). During the collection process, data were recorded in form (anamnesis) and video. The video data underwent several editions before being transcribed in ELAN (Eudico Linguistic Annotator) then converted into a sequence of images, which allowed identification and analysis of statements at linguistic levels, the distinction of gestures and signs, and greater understanding of iconicity. The results reveal that: 1) Deaf people and family members share a common lexicon, although listeners, in general, rely mostly on coverbal gestures; 2) Deaf people’s gestures are lexical units that arise as stable signs (names, processes, time markers, evaluations.), notes, transfers and calling gestures (conversation markers); 3) the sign is essentially iconic, without ceasing to be conventional and arbitrary. Ultimately, it is appropriate to state that homesigns are linguistic signs that act in Homesign Languages for Deaf people who, not having previous access to an institutionalized sign language, developed pari passu, their own instrument of interaction, through the linguistic-communicative space found within the family.
Palavras-chave: Sinais
Gestos
Iconicidade
Língua de Sinais
Língua de Sinais Caseira
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Letras
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36040
Data do documento: 13-Dez-2021
Aparece nas coleções:Dissertação (PPGLINC)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Tese de Doutorado.pdfIVANETE DE FREITAS CERQUEIRA7,69 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.