TDAH e Medicalização: Análise crítica dos critérios diagnóstico do DSM-V

Abstract

O Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, em sua quinta edição (DSM-V), é considerado como a bíblia da psiquiatria e serve como “guia prático, funcional” para diagnosticar e classificar os transtornos mentais. Entretanto, muitos estudos criticam a contribuição deste manual para o crescente número de diagnósticos imprecisos relacionados ao TDAH. Desta forma, o presente estudo visa, por meio de uma perspectiva histórico cultural, discutir criticamente a confiabilidade dos critérios diagnóstico do TDAH descrito no DSM-V e a forma como este manual influencia diagnóstico deste transtorno na sociedade. Para tanto nos utilizaremos da metodologia de análise documental, tomando como referência o DSM-V comparativamente ao DSM-IV. Assim, foram revisados os manuais DSM – IV – TR (2002) e o DSM-V (2014), ambos publicados pela editora Artmed. Em análise comparativa pode-se observar que não houve revisão dos critérios apresentados anteriormente, de maneira que sob um olhar histórico cultural esses critérios ainda permanecem descontextualizados e sem o necessário rigor científico que comprovem as tais descrições. Desta forma, consideramos que a utilização deste manual contribui para a crescente hiperinflação de diagnósticos e consequentemente o aumento do consumo de medicamentos relacionados ao TDAH. Por fim, concluímos que este estudo se insere na corrente de estudos que acredita ser possível se contrapor o determinismo abordado pela corrente hegemônica, a partir de uma perspectiva que valoriza os aspectos histórico-culturais no entendimento da relação entre normalidade e patologia.