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Universidade Federal da Bahia |
Repositório Institucional da UFBA
Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/43724
Tipo: Tese
Título: Patrimonialização de terreiros de candomblé na Bahia: agentes, agências e mediadoras.
Autor(es): Lopes, Emmanuel Bastos de Magalhães
Primeiro Orientador: Caroso, Carlos Alberto Soares
metadata.dc.contributor.referee1: Alvarez, Gabriel Omar
metadata.dc.contributor.referee2: Ramos, Cleidiana Patricia Costa
metadata.dc.contributor.referee3: Mota, Antonio
metadata.dc.contributor.referee4: Sousa Júnior, Vilson Caetano de
metadata.dc.contributor.referee5: Soares, Carlos Alberto Caroso
Resumo: Este trabalho apresenta uma pesquisa etnográfica de ações do governo, de documentos públicos e da burocracia estatal sobre políticas públicas da patrimonialização de terreiros de candomblé na Bahia. O primeiro tombamento de terreiro ocorre na década de 1980, mas com a Constituição Federal de 1988 os marcos da patrimonialização mudaram e alguns bens culturais vinculados a grupos étnicos e minorias passam a ser reconhecidos, especialmente nas dimensões da imaterialidade. A partir 2003 se instalam novas condições sociopolíticas para o reconhecimento e valorização do patrimônio cultural, ocorrendo seguidos tombamentos de algumas “casas matrizes”. Os organismos federais e estaduais passam por reformas de amplitude instrumental e técnica, os bens, agora referências culturais, representam a imanência das práticas dos grupos outrora preteridos. Neste momento, profissionais da antropologia atuam crescentemente carreiras de Estado, por vezes em regimes de fragilidades laborais; seu trabalho técnico opera de forma tradicional com os recursos e métodos etnográficos, mas encontram novos desafios: a operacionalização de uma política pública calçada na burocracia truncada e repleta de documentos, formulários, protocolos, sistemas. Estes são ao mesmo tempo produtos do trabalho e dispositivos dotados de agência, sensorialidade e atuando por meio da força de humanos e não humanos. Para tanto, investiga-se, com base na teoria do ator rede, de Bruno Latour, as mediações jurídicas e burocráticas nos processos de patrimonialização. É feita a análise, por meio de uma revisão bibliográfica e documental, dos tombamentos de casas nagô, que comparamos, por meio de outras pesquisas, às demandas que as tradições bantu têm em reafirmar-se como singulares não a partir da pureza, mas de uma mistura que faz repensar os critérios de reconhecimento e proteção. Compreende-se qual o papel de ações institucionais, como o GTIT- Grupo Interdepartamental para Preservação de Terreiros na esfera do IPHAN e seus impactos no campo patrimonial de terreiros com vista à produção de eficácia burocrática. Também é repensada a atuação de outros projetos como o Itoju, Pergunte a Onilé e Milonga - ações de estratégias dos grupos de terreiros a fim de pressionar e ao mesmo tempo colaborar com o Estado para superar o racismo estrutural que ainda permanece na sub-representação dos bens culturais de matriz africana. Por fim, constata-se um trato com os documentos, papeis e sistemas da burocracia que não se desvincula totalmente da colonialidade, apesar do esforço tanto da disciplina acadêmica como de parte da composição normativa estatal, que se tornam agentes, junto com outros seres e entidades da cosmologia afro-brasileira, na tarefa da patrimonialização.
Abstract: This dissertation is part of an ethnographic research of the government, documents and bureaucracy studying public policies for the heritagization of Candomblé terreiros in Bahia. The first terreiro was declared a heritage site in the 1980ties, however, after the new Federal Constitution of 1988 the landmarks of heritage recognition changed and some cultural assets linked to ethnic groups and minorities began to be recognized, especially in their immaterial dimensions. Beginning in 2003, new sociopolitical conditions for the recognition and appreciation of cultural heritage emerged, with successive listings of some “mother-houses”, federal and state agencies are undergoing broad instrumental and technical reforms; assets, now cultural references, represent the immanence of the practices of once-neglected groups. At this stage, anthropology professionals are increasingly working in government careers, sometimes in fragile work situations; their technical work operates traditionally with ethnographic resources and methods, but they face new challenges: the operationalization of public policy based on a truncated bureaucracy cluttered with documents, forms, protocols, and systems. These are simultaneously products of labor and devices endowed with agency, sensoriality, and acting through the power of humans and non-humans. Therefore, we investigate, based on Bruno Latour's actor-network theory, the legal and bureaucratic mediations in heritagization processes. Through a bibliographic and documentary review, we analyze the listing of Nagô houses, which we compare with other research and the demands that Bantu traditions must reaffirm their uniqueness not through purity, but through a blend that dispenses with rethinking the criteria for recognition and protection. It is understood the role of institutional actions, such as the GTIT - Interdepartmental Group for the Preservation of Terreiros - within the scope of IPHAN (National Institute of Historical and Artistic Heritage), and their impacts on the heritage field of terreiros with a view to producing bureaucratic efficiencies. The activities of other projects, such as Itoju, Pergunte a Onilé, and Milonga, are also reconsidered. Strategic actions by terreiro groups aim to pressure and, at the same time, collaborate with the government to overcome the structural racism that persists in the underrepresentation of cultural assets of African origin. Finally, we observe a treatment of documents, papers and bureaucratic systems that is not completely detached from coloniality, despite the efforts of both the academic discipline and part of the state's normative composition, which become agents, together with other beings and entities of Afro-Brazilian cosmology, in the task of heritage recognition.
Palavras-chave: Patrimônio cultural
Legado afro-brasileiro
Candomblé
Patrimonialização
Políticas públicas
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) 
Citação: LOPES, Emmanuel B. de M. Patrimonialização de terreiros de candomblé na Bahia: agentes, agências e mediadoras. Tese de Doutorado (Doutorado em Antropologia) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2025.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/43724
Data do documento: 11-Ago-2025
Aparece nas coleções:Tese (PPGA)

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