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Tipo: Dissertação
Título: Tragar no corpo, verter em palavras: a escrita da solidão em Quarto de despejo
Autor(es): Cassiano, Bruna Louize Miranda Bezerra
Primeiro Orientador: Santos, Lívia Maria Natália de Souza
metadata.dc.contributor.referee1: Santos, Lívia Maria Natália de Souza
metadata.dc.contributor.referee2: Pacheco, Ana Cláudia Lemos
metadata.dc.contributor.referee3: Felisberto, Fernanda
Resumo: Esta dissertação detém-se sobre a escrita da solidão em Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), obra da escritora negra Carolina Maria de Jesus. Analisa a forma como Carolina expressa um Eu solitário em seu diário, avaliando os atravessamentos das experiências cotidianas que culminavam em uma solidão fundante, fenômeno capaz de estruturar as relações afetivas dentro e fora da favela do Canindé, situada na capital paulista, onde a narradora morava com os filhos durante a década de 1950. A solidão aparenta estar situada em toda parte, possuindo de uma vasta teia de significados (PACHECO, 2013) que agem como fios condutores do sentido na leitura de Quarto de despejo, atravessando a miséria, a fome, o abandono, a luta pela vida, as frustrações e os sonhos de Carolina. Seu corpo e o seu diário eram redutos de solidão. Para essa análise interpretativa, este trabalho organiza-se da seguinte maneira: em um primeiro momento, investiga a construção do solo narrativo da obra, explorando o compartilhamento das histórias entre Carolina Maria de Jesus e os demais sujeitos da favela, tendo em foco os afetos que davam substância à escrita da própria solidão, parte elementar das suas escrevivências (EVARISTO, 2008); em seguida, reflete sobre a particularidade dessa solidão, questionando determinadas compreensões acerca da palavra “solidão” firmadas em uma lógica universal que ignoram a existência de pessoas como Carolina Maria de Jesus, condicionadas à uma solidão específica, firmada, sobretudo, em seus corpos negros; por fim, propõe um mapeamento da solidão nos lugares percorridos pela narradora, analisando o modo como ela se percebia só e apontava as múltiplas violências que se convergiam em diferentes aspectos de uma solidão vivida entre a favela e o centro de São Paulo. Em Quarto de despejo, a solidão exibe-se conforme uma gradação de cores e imagens, reagindo a movimentos que oscilam e interferem na maneira como pode ser captada. Logo, não há como encerrar Carolina Maria de Jesus em uma imagem fixa de solidão, do mesmo modo que não se pode aprisionar a expressão do seu Eu solitário em uma acepção única da palavra. A análise do tema revela que a solidão de Carolina não se restringia às amarguras de se saber só. Não se tratava de uma solidão inoperante, que estanca o sujeito na próprio desamparo. Sob certas circunstâncias, a solidão retratada pela narradora era pura potência, força criadora capaz de agir na elaboração de uma obra voltada para a sobrevivência de quem padecia à margem. Para alcançar esse entendimento, mantém-se um diálogo constante com intelectuais negros e intelectuais negras. São estes: Conceição Evaristo (2008), Achille Mbembe (2014), Frantz Fanon (2008) bell hooks (1995), Grada Kilomba (2018), Patricia Hill Collins (2016), Neusa Souza (1983), Milton Santos (1979), dentre outros, cujas contribuições teóricas são fundamentais para a execução deste trabalho e se espalham ao longo de toda a discussão proposta.
Abstract: This dissertation detains itself on a writing about loneliness displayed in The trash room (1960), work of the black writer Carolina Maria de Jesus. Analyses the way that Carolina express a lonely I in her diary, evaluating the crossings of daily experiences that culminated in a founding solitude, a phenomenon capable of structuring affective relationships inside and outside of the Canindé slum, localized in the capital of São Paulo, Brazil, place where the writer lived with their children during the 1950 decade. Loneliness seems to be seize of everywhere, having a vast netting of meanings (PACHECO, 2013) that acts as wires conductors of significance in the reading of Quarto de despejo, crossing misery, hunger, abandonment, struggle for life, frustrations and dreams of Carolina. Her body and her diary were redoubts of loneliness. For this interpretative analysis, this work is organized as follows: on a first moment, investigates the construction of the ground narrative express on work, exploring the sharing of stories between Carolina Maria de Jesus and the other subjects of the slum, have on focus the affections who gave substance to the writing of her own solitude, an elementary part of her living-writing; then, reflects on the particularity of this loneliness, questioning certain understandings about the word “loneliness”, established in a universal logic that ignores the existence of people like Carolina Maria de Jesus, conditioned to a specific loneliness, firmed, above all, in their black bodies; finally maps the loneliness on places traveled by the writer, analyzing the way she perceived herself alone and pointed to multiples violences that converged in different aspects of a loneliness experienced between the slum and the center of São Paulo city. In Quarto de despejo, loneliness is exhibited according to a gradation of colors and images, reacting to movements that swings and interferes with the way that can be capture. Therefore, is no possible close Carolina Maria de Jesus in a fixed image of loneliness, just as one can not imprison the expression of her lonely I in a single sense of the word. The analysis of the theme reveals that Carolina’s loneliness was not restricted to the bitterness of knowing herself as alone. It was not an inoperable loneliness, which stagnates the subject in his own helplessness. Under certain circumstances, solitude portrayed by the narrative was pure potency, a creative force capable of acting in the elaboration of a work aimed at the survival of those who suffers on the margins. To reach that knowledge, a constant dialogue with black intellectuals is maintained. These are: Conceição Evaristo (2008), Achille Mbembe (2014), Frantz Fanon (2008) bell hooks (1995), Grada Kilomba (2018), Patricia Hill Collins (2016), Neusa Souza (1983), Milton Santos (1979), among others, whose theoretical contributions are fundamental for the execution of this work and are spread throughout the proposed discussion.
Palavras-chave: Solidão
Carolina Maria de Jesus
Escrevivência
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA
CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::TEORIA LITERARIA
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Letras
metadata.dc.publisher.program: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Citação: CASSIANO, Bruna Louize Miranda Bezerra. Tragar no corpo, verter em palavras: a escrita da solidão em Quarto de despejo. 2020. 132 f. Dissertação (Mestrado) - Literatura e Cultura, Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020.
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36066
Data do documento: 10-Jul-2020
Aparece nas coleções:Dissertação (PPGLITCULT)

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