SUBTERRÂNEA - Trilhando caminhos de escrevivência e regeneração por meio da performance da escrita

Abstract

Subterrânea é um processo de pesquisa e de performance autobiográfica que rememora ancestralidade aterrada com meu imbigo - Recruta Anagé Derrota da Conquista Bahia - e a partir da qual reivindico a escrita em primeira pessoa sobre o presente que escava o passado para entender pertencimento a algum lugar dentro. É uma tentativa de lembrar daquilo que forçaram o esquecimento, que tentaram apagar jogando terra em cima, concreto bruto para fazer a cidade, que quer sufocar minhas/nossas raízes originárias, mas é no escuro que elas vivem, é através delas que posso transbordar em criação, enramar e vislumbrar os caminhos por onde ando e escrevo. Do barro no chão na marca da enxada que vira córrego quando a chuva cai no sertão. Por meio desse exercício de investigação ritual encontro e me conecto com um movimento coletivo de retomada, exaltação de vida contra colonial. Assim, assumo um percurso epistemológico e metodológico autoral, mesclando os diálogos entre uma bibliografia multidisciplinar que contempla os ensinamentos de bell hooks, Audre Lorde, Eliane Potiguara, Gloria Anzaldúa, Conceição Evaristo, Grada Kilomba, Ailton Krenak entre outra/os, e os Diálogos de Andança, criação literária própria que surge a partir do deslocamento do meu corpo sertanejo, mestiço, mulher, roçona, movente, da roça para a cidade grande, e fazendo o caminho de volta, processo de criação documentado nas minhas diárias. A dissertação acompanha alguns passos dessa Andança Subterrânea, perpassando reflexões teóricas e práticas sobre contra colonização, escrita performativa, corporeidade, prática artística de mulheres marginalizadas, memória, territorialidade, mestiçagem, tudo isso numa perspectiva de remontar narrativas coloniais em primeira pessoa e construir pontes de conversa, partilha e troca, principalmente com outras mulheres e pessoas não-binárias racializadas que têm suas vidas atravessadas pelos efeitos da colonialidade.