Vozes de mulheres que surfam nas ondas do feminismo latino-americano

Abstract

Já se fala na quarta onda do feminismo, ainda que muitas mulheres continuem sendo vítimas de feminicídio. Essa aparente contradição se explica, mais particularmente, por questões de ordem racial, histórica e econômica, determinando a volta à discussão desse movimento que, no Brasil, parecia adormecido, quem sabe pela sensação de que tudo estava em seu lugar. A entrada no século XXI determinou mudanças radicais no cenário político e estético, pois houve o surgimento de movimentos considerados periféricos que trouxeram à tona vozes até então apagadas pela hegemonia racial e sexual. De maneira sorrateira, jovens das periferias de importantes cidades roubaram a cena e invadiram o mundo virtual, impondo sua voz e levando outros jovens não periféricos a ouvi-los e descobrir que eles também falam e fazem arte. Como mulher que pertence, cronologicamente, à geração da segunda onda do Feminismo no Brasil, pude dar atenção aos muitos e muitas jovens com quem convivi na minha já longa experiência profissional, aprendendo com eles e elas que o mundo é mutante e que os lugares de fala e de escuta precisam ser intercambiáveis. Minha experiência profissional e de vida, portanto, me convoca a refletir sobre a nova juventude, especialmente, a feminina, procurando escutar o que dizem e, mais do que tudo, procurando multiplicar o que aprendo, em prol da incansável construção de um mundo justo e equânime. Com base no exposto, minha proposta é produzir uma reflexão acadêmica que afete as quatro ondas do feminismo, privilegiando discursos estéticos de jovens mulheres latino-americanas que se expressem a partir de diferentes lugares de fala. Dentre autores e autoras que apoiam minha reflexão, destaco HOLLANDA (2018, 2019), RIBEIRO (2017, 2018), LUGONES (2008), VARELA (2013, 2019), ZERÁN (2018), BERTH (2019), MOREIRA (2019) ALMEIDA (2019), AKOTIRENE (2019).