O bom, o belo e o bem comportado

Abstract

O presente estudo sobre as categorias de valor e modelos padronizados nos contos tradicionais, objetiva analisar criticamente quais os estereótipos(de Bom, Belo e Bem Comportado) presentes nos contos de fadas, e de que forma eles repercutem na construção do imaginário infantil de crianças no primeiro ano do Ensino Fundamental I. Para tanto, foi realizada a “Hora do Conto”, na Escola Municipal Hercília Moreira, com crianças entre seis e sete anos. Foi observado, através dos relatos, recontos e desenhos, como os conteúdos subjacentes presentes nas histórias mágicas repercutiram no seu imaginário e como ocorreu o processo de Identificação e Transferência com os personagens da história. Foi necessário trazer uma abordagem histórica cultural, do período que as histórias foram narradas e escritas, justificando as transformações da Literatura Primordial até a concepção de uma literatura infantil. A análise restringiu-se ao estudo da presença de elementos estereotipados nas quatro histórias contadas A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e Cinderela e as relações estabelecidas entre os heróis e heroínas como representação do Bom e do Belo, em oposição às bruxas, às madrastas e ao Lobo, como representação do feio e do mau. Com relação ao “Bem Comportado”, foi analisada a passividade das personagens femininas e as relações de poder ali estabelecidas. Foi percebido que as crianças descrevem aquilo que é Bom e Belo, de acordo com o padrão estético e comportamental aceitável e o que foge ao padrão é tido como mau e feio. Mesclados pela ideologia proveniente da sociedade burguesa e patriarcal, os contos de fadas vão muito além do simples “era uma vez” e “todos viveram felizes para sempre”.