Abstract: | No português atual, a emergência da locução por causa que representa um caso prototípico de gramaticalização (PAIVA, 2001; PAIVA, BRAGA ,2006). Esse conector origina-se da forma, já gramaticalizada, por causa de. Assim como a conjunção prototípica porque, a locução por causa que é empregada para explicitar relações de causalidade no nível interclausal. Esta dissertação pretende investigar, através da análise de amostras do português falado em duas regiões brasileiras, a gramaticalização do conector por causa que. Com base na abordagem da
Gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 1993) e numa visão funcionalista da linguagem,
procede-se a uma análise de propriedades gramaticais e semântico-pragmáticas, com o
objetivo de apresentar uma descrição geral desse conector. O presente trabalho pretende,
ainda, numa perspectiva sincrônica, fornecer evidências para o processo de gramaticalização
do por causa que, baseando-se nos Princípios de Hopper (1991). Além disso, apresenta-se
uma comparação entre essa locução e outros conectores causais encontrados nos corpora –
por causa de, porque e que –, a fim de evidenciar convergências e divergências identificadas entre eles. Os usos dos referidos conectores são discutidos sob a abordagem semânticopragmática
proposta por Sweetser (1991), segundo a qual a relação de causalidade pode ser
estabelecida em três domínios distintos: o domínio referencial, o domínio epistêmico e o
domínio dos atos de fala. A análise comparativa desses conectores atesta a implementação de um processo de especialização semântico-pragmática (HOPPER, 1991) no rol dos conectores causais do português falado.
Palavras-chave: Gramaticalização; Causalidade; Conectores; Especialização |