https://repositorio.ufba.br/handle/ri/43608| Tipo: | Trabalho de Conclusão de Curso |
| Título: | Deficiência de arginina-vasopressina (diabetes insipidus central) como primeira manifestação de histiocitose de células de Langerhans: relato de caso |
| Autor(es): | Costa, Filipe Quadros |
| Primeiro Orientador: | Anjos, Iane Oliveira Gusmão Vicente dos |
| metadata.dc.contributor.referee1: | Barros, Luciana Mattos |
| Resumo: | Introdução: A histiocitose de células de Langerhans (HCL) é uma neoplasia clonal rara do sistema mononuclear fagocitário, caracterizada por proliferação de células dendríticas mieloides CD1a⁺/Langerina⁺ e mutações ativadoras da via MAPK/ERK (como BRAF V600E e MAP2K1). O acometimento do eixo hipotálamo-hipofisário pode ocorrer em até 30% dos casos, manifestando-se como deficiência de arginina-vasopressina (AVP), classicamente denominada diabetes insipidus central (DIC), associada a pan-hipopituitarismo. Em adultos, apresentações restritas à região hipofisária são incomuns e frequentemente mimetizam tumores selares. Metodologia: O estudo trata-se de um relato de caso clínico desenvolvido durante a Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia do HUPES/UFBA. Os dados foram obtidos de forma retrospectiva, a partir de registros clínicos e exames complementares, assegurando o anonimato e a confidencialidade da paciente conforme a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Relato de caso: Paciente de 24 anos, sexo feminino, branca, sem comorbidades prévias, com quadro inicial de poliúria estimada em 8 L/dia e polidipsia. Após 5 meses, evoluiu com amenorreia associada à cefaleia de moderada intensidade, em aperto, frontal, sem irradiação, progredindo para hemianopsia bitemporal ao 9º mês de evolução. A investigação laboratorial evidenciou pan-hipopituitarismo, com cortisol às 8 h de 1,1 μg/dL e 1,9 μg/dL em dias distintos, TSH 1,1 μUI/mL (VR 0,38 a 5,33), T4 livre 0,43 ng/dL (VR 0,54 a 1,24), FSH 1,56 mUI/mL, LH < 0,20 mUI/mL, estradiol < 15 pg/mL, IGF-1 43 ng/mL (VR 98 a 289) e hiperprolactinemia com PRL 83,23 ng/mL. A ressonância magnética de hipófise mostrou lesão suprasselar de 1,7 × 2,2 × 2,1 cm, em íntimo contato com o quiasma óptico, sugestiva de craniofaringioma. A paciente foi internada para avaliação endocrinológica e posterior cirurgia, evoluindo com poliúria quantificada em 10 L/dia, ingesta hídrica de 6 L/dia, sódio plasmático de 147 mEq/L e densidade urinária < 1,005. Iniciado tratamento com hidrocortisona, levotiroxina e desmopressina. Realizada microcirurgia via transesfenoidal, cujo aspecto macroscópico sugeriu glioma de nervo óptico. O resultado anatomopatológico foi inconclusivo inicialmente, mas a imunohistoquímica subsequente foi compatível com HCL, com positividade para CD1a, Langerina e S100. Tomografia de tórax e ressonância magnética de abdome pós-operatórias não evidenciaram acometimento extrasselar. Discussão: A infiltração do eixo hipotálamo-hipofisário por células de Langerhans promove perda de neurônios produtores de AVP e dano da adeno-hipófise, explicando poliúria, polidipsia e múltiplas deficiências hormonais. O quadro respondeu à desmopressina, confirmando origem central. A hiperprolactinemia sugere interrupção do controle dopaminérgico hipotalâmico (eixo túbero-infundibular). A apresentação como massa suprasselar simulando craniofaringioma ressalta a necessidade de confirmação histológica com imunomarcadores específicos. A ausência de acometimento extrasselar torna o caso atípico; nessa forma isolada, o tratamento é predominantemente de suporte, com reposição hormonal e vigilância prolongada, sendo rara a recuperação funcional hipofisária. Conclusão: HCL deve compor o diagnóstico diferencial de massas selares em pacientes com poliúria, polidipsia e disfunção hipofisária. A deficiência de AVP pode representar manifestação inicial. O diagnóstico definitivo requer biópsia com imunohistoquímica específica, e o seguimento multidisciplinar é essencial para reduzir complicações e preservar a qualidade de vida. |
| Abstract: | Introduction: Langerhans cell histiocytosis (LCH) is a rare clonal neoplasm of the mononuclear phagocyte system characterized by proliferation of CD1a⁺/Langerin⁺ myeloid dendritic cells and activating mutations in the MAPK/ERK pathway (such as BRAF V600E and MAP2K1). Involvement of the hypothalamic–pituitary axis occurs in up to 30% of cases, presenting as arginine-vasopressin (AVP) deficiency—classically known as central diabetes insipidus (CDI)—often with panhypopituitarism. In adults, isolated pituitary disease is uncommon and frequently mimics sellar tumors. Methodology: This study is a clinical case report developed during the Medical Residency in Endocrinology and Metabolism at the HUPES/UFBA. Data were obtained retrospectively from clinical records and complementary tests, ensuring patient anonymity and confidentiality in accordance with Resolution No. 510/2016 of the Brazilian National Health Council. Case report: A 24-year-old white female with no prior comorbidities initially presented with polyuria estimated at 8 L/day and polydipsia. After 5 months, she developed amenorrhea associated with a moderate, band-like, frontal headache without radiation, progressing to bitemporal hemianopsia at 9 months. Laboratory work-up showed panhypopituitarism with 8 a.m. serum cortisol levels of 1.1 μg/dL and 1.9 μg/dL on different days; TSH 1.1 μIU/mL (reference 0.38–5.33); free T4 0.43 ng/dL (reference 0.54–1.24); FSH 1.56 mIU/mL; LH < 0.20 mIU/mL; estradiol < 15 pg/mL; IGF-1 43 ng/mL (reference 98–289); and hyperprolactinemia with PRL 83.23 ng/mL. Pituitary MRI revealed a 1.7 × 2.2 × 2.1 cm suprasellar lesion abutting the optic chiasm, suggestive of craniopharyngioma. She was admitted for endocrine evaluation and surgery, with documented polyuria of 10 L/day, water intake of 6 L/day, serum sodium of 147 mEq/L, and urine specific gravity < 1.005. Hydrocortisone, levothyroxine, and desmopressin were initiated. Endoscopic transsphenoidal surgery was performed; the macroscopic appearance suggested an optic nerve glioma. Initial histopathology was inconclusive, but subsequent immunohistochemistry was consistent with LCH, positive for CD1a, Langerin, and S100. Postoperative chest CT and abdominal MRI showed no extrasellar disease. Discussion: Infiltration of the hypothalamic–pituitary axis by Langerhans cells leads to loss of AVP-producing neurons and anterior pituitary damage, accounting for polyuria, polydipsia, and multiple trophic hormone deficiencies. The clinical response to desmopressin confirmed central origin. Concomitant hyperprolactinemia indicates disruption of hypothalamic dopaminergic control (tuberoinfundibular pathway). The suprasellar mass mimicking craniopharyngioma highlights the need for histological confirmation using specific immunomarkers. The absence of extrasellar involvement makes this case atypical; in isolated pituitary disease, management is primarily supportive with hormone replacement and long-term surveillance, as functional pituitary recovery is uncommon. Conclusion: LCH should be included in the differential diagnosis of sellar and suprasellar masses in patients with polyuria, polydipsia, and hypophyseal dysfunction. AVP deficiency may be the initial manifestation. Definitive diagnosis requires biopsy with specific immunohistochemistry, and multidisciplinary follow-up is crucial to minimize complications and preserve quality of life. |
| Palavras-chave: | Histiocitose de células de Langerhans Diabetes insipidus central Endocrinologia |
| CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA::CLINICA MEDICA::ENDOCRINOLOGIA |
| Idioma: | por |
| País: | Brasil |
| Editora / Evento / Instituição: | Universidade Federal da Bahia |
| Sigla da Instituição: | UFBA |
| metadata.dc.publisher.department: | Faculdade de Medicina da Bahia |
| Citação: | COSTA, Filipe Quadros. Deficiência de arginina-vasopressina (diabetes insipidus central) como primeira manifestação de histiocitose de células de Langerhans: relato de caso. Orientadora: Iane Oliveira Gusmão Vicente dos Anjos. 2025. 19 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Endocrinologia e Metabologia) - Comissão de Residência Médica, Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2025. |
| Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
| URI: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/43608 |
| Data do documento: | 14-Nov-2025 |
| Aparece nas coleções: | Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Programa de Residência Médica (Faculdade de Medicina) |
| Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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