Skip navigation
Universidade Federal da Bahia |
Repositório Institucional da UFBA
Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40879
Tipo: Tese
Título: SAMO©... Pedro Kilkerry, Jean-Michel Basquiat, das pilhagens ou o modus da crítica
Título(s) alternativo(s): SAMO©... Pedro Kilkerry, Jean-Michel Basquiat:, on looting or the critique modus
Autor(es): Oliveira, Josenel dos Santos
Primeiro Orientador: Lima, Rachel Esteves
metadata.dc.contributor.referee1: Lima, Rachel Esteves
metadata.dc.contributor.referee2: Silva, Cristiane Brasileiro Mazocoli
metadata.dc.contributor.referee3: Miranda, Fernanda Rodrigues de
metadata.dc.contributor.referee4: Santos, José Henrique de Freitas
metadata.dc.contributor.referee5: Silva, Jorge Augusto de Jesus
Resumo: Na tese, analiso as repetições das formas como a crítica literária e cultural aborda a vida e a produção artística negra. A partir dos “casos” de Pedro Kilkerry, poeta simbolista santoantoniensse, do entre-séculos XIX e XX, “ignorado” pela crítica literária brasileira, e do artista visual moderno negro estadunidense que teve uma “vida conturbada” nas últimas décadas do século XX, Jean-Michel Basquiat, refletirei sobre como determinados procedimentos da crítica se relacionam a uma postura crítica arraigada em critérios deterministas ou, no limite, racistas, da crítica literária brasileira, para o caso de Kilkerry, e da crítica cultural e de arte, no “caso de Basquiat”. Emprestando a expressão, "Samo", same old shit, “a mesma merda de sempre”, utilizada por Basquiat para assinar as suas pinturas nos muros da Nova Iorque da década de 1980, analiso essas “repetições”, essa continuidade, “a mesma abordagem de sempre”, de alguns procedimentos da crítica literária e cultural quando tratam desses artistas. A “repetição” observada por Basquiat e sintetizada no acrônimo serve como “operador de leitura” na tese para se observar como a crítica cultural e literária tem, nos casos desses artistas, se limitado a considerar questões tais como: condições de vida miseráveis, alcoolismo ou consumo de drogas e entorpecentes, loucura ou genialidade, processos de alfabetização ou de “letramento artístico” não formais, contrastes opositivos tais como natureza/cultura e sentimento/pensamento, perturbações psíquicas e, principalmente, como esses artistas, via de regra, a despeito dessas questões constituem-se em “destaques” na cena artística e no cenário cultural de sua comunidade. Esse destaque, em geral, tem se dado levando-se em consideração a negritude desses sujeitos como uma espécie de mercadoria que, para além das suas obras, também é comercializada, como forma de reforçar a ideia de “gênio”, encarando o artista negro como uma exceção. Investigo de quais formas essa crítica vem, historicamente, construindo arquivos sobre artistas negros de forma a privilegiar noções socioantropológicas sobre os mesmos, em detrimento de abordagens mais cautelosas de suas obras. De modo geral, essa crítica tem considerado esses artistas como “insólitos”, “deslocados”, “acidentes”, “milagres”, “inadaptados”, “fora do lugar”. Nessa perspectiva, o objetivo que subjaz à pesquisa é “revirar” esses arquivos sobre Kilkerry e Basquiat, a fim de possibilitar a observação de questões que obliteraram a “consagração” desses artistas e, no limite, pilham as suas experiências. Em linhas gerais, as abordagens críticas desses artistas têm se dado sobretudo em duas linhas de análise que detalho na tese como: a da tentativa de familiarização com artistas brancos, como forma de “dar coerência” e sentido a suas obras ou, com mais frequência, considerando esses artistas negros como uma “espécie de milagre”, um “acidente da natureza”. Teoricamente, a discussão se sustenta principalmente pelas reflexões de Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas (2008), Os condenados da Terra (2022), Alienação e liberdade (2020) – W.E.B Du Bois, As almas do povo negro (2021) – Achile Mbembe, Crítica da razão negra (2018), Necropolítica (2018) – Sueli Carneiro, A construção do outro como não ser como fundamento do ser (2005) – Saidiya Hartman, Vidas rebeldes, belos experimentos (2022) – Henrique Freitas, O arco e a arkhé (2016) e Frank B. Wilderson III, Afropessimismo (2021).
Abstract: In the dissertation, I scrutinize the repetitions in the ways literary and cultural critiques approach Black life and artistic production. Based on the “cases” of Pedro Kilkerry, a symbolist poet from Santo Antonio - Bahia, born at the end of the 19th century, “ignored” by Brazilian literary critics, and on the African American visual artist case, who had a “troubled life” in the last decades of the 20th century, Jean-Michel Basquiat, I reflect on how certain critical procedures are related to a critical posture rooted in deterministic or, that is to say, racist criteria, of Brazilian literary criticism, in the case of Kilkerry, and of cultural and art criticism, in the “Basquiat case”. Borrowing the expression, Samo, i.e., same old shit, used by Basquiat to sign his paintings on New York walls in the 80s, I analyze these “repetitions”, this continuum, the “same old approach” within the procedures of the critique when dealing with these artists. The “repetition” observed by Basquiat and synthesized in the acronym turns into a “reading operator” in the dissertation, allowing the observation of how cultural and literary criticisms, in the cases previously mentioned, has gone no further than considering issues such as: miserable living conditions, alcoholism or consumption of drugs and narcotics, madness or geniality, non-formal literacy or “artistic literacy” processes, contrasts such as nature/culture and emotion/thought, psychic disturbances and, mainly, how these artists, as a rule, despite these issues, constitute “highlights” in the artistic and cultural scenes of their communities. This emphasis, in general, has taken the blackness of these subjects as a commodity that, beyond their works, is also being commercialized, as a way of reinforcing the idea of “genius”, isolating Black artists as exceptions. I investigate the ways in which this narrowed critique has historically built archives on Black artists in order to privilege socioanthropological notions about them to the detriment of more cautious approaches of their works. In general, this critique has considered these artists as “unusual”, “dislocated”, “accidents”, “miracles”, “inappropriate” and “out of place”. From this point of view, the objective that underlies this research is to “disrupt” these archives on Kilkerry and Basquiat, in order to be able to observe the questions that obliterated their “consecrations”, that is to say, looted their experiences. Generally speaking, critique approaches of these artists has taken place mainly under two lines of analysis, which I define in the dissertation as: the attempt to relate them to white artists, as a way of “giving coherence” and meaning to their works or, more often, to consider both Black artists as “miracles”, an “accidents of nature”. Theoretically, the discussion is nurtured mainly by the reflections of Frantz Fanon, in Black Skin, White Masks (2008), The Wrecked of the Earth (2022), Alienation and Freedom (2020) – W.E.B Du Bois, in The souls of Black Folk (2021) – Achile Mbembe, in Critique of Black Reason (2018), and Necropolitics (2018) – Sueli Carneiro, in A construção do outro como não-ser como fundamento do ser (2005) – Saidiya Hartman, in Wayward Lives, Beautiful Experiments (2022) – by Henrique Freitas in O Arco e a Arkhé (2016) and by Frank B. Wilderson III, in Afropessimism (2021).
Palavras-chave: Crítica literária brasileira
Pedro Kilkerry
Jean-Michel Basquiat
Pilhagens
Modus da crítica
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Letras
metadata.dc.publisher.program: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Citação: OLIVEIRA, Josenel dos Santos. SAMO©... Pedro Kilkerry, Jean-Michel Basquiat, das pilhagens ou o modus da crítica. Orientadora: Rachel Esteves Lima. 2024. 272 f. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura) - Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2024.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40879
Data do documento: 18-Dez-2024
Aparece nas coleções:Tese (PPGLITCULT)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Josenel dos Santos Oliveira-TESE.pdf7,38 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir
Mostrar registro completo do item Visualizar estatísticas


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.