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Universidade Federal da Bahia |
Repositório Institucional da UFBA
Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40109
Tipo: Tese
Título: Aceitabilidade e início do uso da profilaxia pré-exposição ao HIV em populações-chave para epidemia de HIV/aids.
Título(s) alternativo(s): Acceptability and initiation of use of HIV pre-exposure prophylaxis in key populations for the HIV/AIDS epidemic.
Autor(es): Gomes, Fabiane Soares
Primeiro Orientador: Dourado, Inês Costa
metadata.dc.contributor.advisor-co1: Sousa, Laio Magno Santos de
metadata.dc.contributor.referee1: Ramos, Dandara de Oliveira
metadata.dc.contributor.referee2: Sousa, Laio Magno Santos de
metadata.dc.contributor.referee3: Marinho, Lilian Fátima Barbosa
metadata.dc.contributor.referee4: Santos, Marcos Pereira
metadata.dc.contributor.referee5: Veras, Maria Amélia de Sousa Mascena
Resumo: Introdução: A epidemia de HIV é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Entretanto, está concentrada em alguns grupos populacionais, como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres transexuais (TrMT), além de outros, chamados de populações-chave para a epidemia. A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) é uma importante tecnologia de prevenção do HIV, indicada para pessoas com risco acrescido para o HIV e, no Brasil, se insere no leque de opções de estratégias de prevenção combinada. A aceitabilidade e o início do uso desta tecnologia diferem segundo populações e faixa etária, assim como seus fatores associados. E o conhecimento das etapas para uso da PrEP entre populações-chave no contexto brasileiro é limitado. Objetivo geral: Estudar a aceitabilidade e a iniciação do uso da PrEP entre populações-chave da epidemia do HIV no Brasil. Objetivos específicos: (1) Analisar a associação entre autopercepção de risco de infecção pelo HIV e a aceitabilidade da PrEP oral diária entre HSH em doze capitais brasileiras; (2) Analisar os perfis sociodemográficos e comportamentais de adolescentes HSH e TrMT quanto à iniciação do uso da PrEP em três capitais brasileiras; (3) Descrever o processo de iniciação do uso da PrEP e analisar seus preditores entre adolescentes HSH e TrMT em três capitais brasileiras. Métodos: Essa tese utilizou e analisou dados de dois estudos, e organizou os resultados em três artigos, segundo cada objetivo específico. (1) No primeiro artigo foi estimada a associação entre autopercepção de risco para HIV e aceitabilidade da PrEP oral diária entre HSH brasileiros. A base de dados foi de um inquérito sociocomportamental e biológico com a técnica amostral Respondent Driven Sampling (RDS), e recrutou-se 4.176 HSH com 18 anos ou mais em 12 cidades brasileiras, em 2016. Os resultados foram ponderados pelo estimador de Gile para estudos de RDS. Foram estimados odds ratios ajustados (ORa) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%) por meio de modelos de regressão logística. (2) No segundo artigo a base de dados foi da pesquisa PrEP1519, estudo de coorte demonstrativo da efetividade da PrEP entre adolescentes HSH e TrMT (aHSH) e (aTrMT), de 15 a 19 anos, conduzido em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Nesta análise, foram utilizados os dados dos participantes inscritos na coorte entre fevereiro/2019 e agosto/2021, entretanto observamos estes participantes até fevereiro de 2022 para analisar a iniciação de PrEP ao longo do período de seguimento. Os adolescentes que procuraram os serviços de PrEP foram classificados em quatro grupos, de acordo com a elegibilidade de PrEP (i.e., elegível ou não elegível), e a decisão de uso de PrEP (i.e., iniciou, não iniciou): i) participante sem indicação de uso da PrEP, não elegível; ii) elegível e iniciou o uso da PrEP na primeira consulta; iii) elegível e iniciou o uso da PrEP após a primeira consulta; e iv) com indicação de uso da PrEP, mas não iniciou o uso da PrEP. Os grupos foram descritos e comparados em relação às características sociodemográficas e comportamentais usando testes de Exato de Fisher. As análises foram realizadas no software R v.4.1.0, considerando um nível de significância estatística de 5%. (3) No terceiro artigo foram usados os dados da linha de base da coorte PrEP1519 dos participantes inscritos no estudo entre fevereiro/2019 e fevereiro/2021. Foi aplicado um questionário sociocomportamental na primeira visita aos serviços de PrEP. Foram descritas as proporções de intenção de uso, da elegibilidade ao usoda PrEP, e do início de uso da PrEP. Foi estimada razão de prevalência ajustada (RPa) e IC 95% da associação entre fatores sociocomportamentais e demográficos e início de uso da PrEP, estratificado por faixa etária (15 a 17 anos; 18 e 19 anos), utilizando modelos de regressão logística. Resultados referentes ao primeiro objetivo: A aceitabilidade da PrEP oral diária foi elevada (69,7%) entre os 3.544 HSH que responderam ao questionário. A maioria dos participantes relatou baixo ou moderado risco de infecção pelo HIV (67,2%) e uma pequena proporção (9,3%) relatou alto risco. Foi observada uma relação dose-resposta entre a aceitabilidade da PrEP e o risco autopercebido: a aceitabilidade da PrEP foi 1,88 vezes maior (OR 1,80; IC 95%: 1,24–2,85) entre HSH cujo risco percebido de infecção pelo HIV foi baixo ou moderado, e 5 vezes maior (OR 5,68; IC 95%: 2,54–12,73) entre aqueles que relataram alto risco em comparação com os HSH que relataram não ter risco de infecção pelo HIV. Resultados referentes ao segundo objetivo: Dos 1.254 adolescentes que chegaram aos serviços do estudo PrEP1519, 61 (4,9%) não tinham indicação de usar PrEP, por contraindicação clínica ou uma avaliação que indicasse baixo risco ao HIV. Dos 1.193 elegíveis para a iniciação da PrEP no mesmo dia, 1.113 (93,3%) iniciaram a PrEP [1.054 na primeira visita (88.3%) e 59 ao longo do acompanhamento (4.9%)] e 80 (6,7%) não iniciaram. Destes que iniciaram o uso da PrEP ao longo do seguimento, 50,0% começaram a usar PrEP nos primeiros 42 dias após o primeiro atendimento. Os adolescentes que iniciaram o uso da PrEP relataram alto risco de infecção pelo HIV. Resultados referentes ao terceiro objetivo: Entre os participantes recrutados, 174 (19,2%) tinham de 15 a 17 anos e 734 (80,8%) de 18 a 19 anos. A proporção de início de uso da PrEP foi de 78,2% e 77,4% para 15-17 anos e 18-19 anos, respectivamente. Os fatores associados ao início de uso da PrEP foram: ser preto ou pardo (RPa 2,31; IC 95%: 1,10 - 4,84) entre os adolescentes mais jovens de 15 a 17 anos; ter sofrido violência e/ou discriminação devido sua orientação sexual e/ou identidade de gênero (RPa 1,21; IC 95%: 1,01 - 1,46); ter recebido dinheiro ou favores em troca de sexo (RPa 1,32; IC 95%: 1,04 - 1,68); e ter tido de 2 a 5 parcerias sexuais nos últimos três meses (RPa 1,39; IC 95%: 1,15 - 1,68) entre os 18-19 anos. A relação anal receptiva desprotegida nos últimos 6 meses foi associada ao início de uso da PrEP em ambas as faixas etárias (RPa 1,98; IC 95%: 1,02 - 3,85 e RPa 1,45; IC 95%: 1,19 - 1,76 entre 15-17 anos e 18-19 anos, respectivamente). Conclusões: A PrEP é uma medida efetiva de prevenção do HIV para adultos e adolescentes de populações-chave no Brasil e no mundo. A percepção do risco de infecção pelo HIV desempenha um papel importante na aceitabilidade da PrEP. Para expandir o acesso da PrEP entre populações vulneráveis, os programas de PrEP devem estar organizados e os profissionais de saúde preparados para identificar populações em contexto de vulnerabilidade com indicação de uso da profilaxia, de modo a orientá-las quanto aos seus riscos de infecção ao HIV e a necessidade do uso de métodos preventivos, sendo a PrEP uma dessas opções.
Abstract: Background: The HIV epidemic is a public health problem in Brazil and worldwide. It is concentrated in some population groups, such as men who have sex with men (MSM) and transgender women (TGW), also called key populations for the epidemic. HIV pre-exposure prophylaxis (PrEP) is an important technology for HIV prevention, indicates for populations at high HIV risk of infection, and in Brazil, it is part of the range of options for combined HIV prevention strategies. The acceptability and uptake of this technology differ according to populations and age groups, as well as their associated factors, and the knowledge about the steps for PrEP use among key populations in the Brazilian context is still quite limited. Overall objective: To study the acceptability and uptake of PrEP among key populations of the HIV epidemic in Brazil. Specific objectives: (1) To analyze the association between self perception of the risk of HIV infection and the acceptability of daily oral PrEP among MSM in twelve Brazilian capitals; (2) To analyze the sociodemographic and behavioral profiles of MSM and TrMT adolescents regarding the initiation of PrEP in three Brazilian capitals; (3) To describe the uptake process and analyze predictors for PrEP initiation among MSM and TrMT adolescents in three Brazilian capitals. Methods: This thesis was presented in three articles according to each specific objective. (1) In the first article, it was estimated the association between self-perception of HIV risk and acceptability of daily oral PrEP among Brazilian MSM. Respondent-driven sampling (RDS) was used for sociobehavioral and biological surveillance to recruit 4,176 MSM 18 years or over in 12 Brazilian cities in 2016. Results were weighted using Gile’s estimator for RDS studies. Adjusted odds ratios (OR) with 95% confidence intervals (95% CI) were calculated using multivariate logistic regression. (2) In paper 2, data from the PrEP1519 study were used, a study demonstrating the use of PrEP among MSM and TGW (aMSM) and (aTGW) adolescents aged 15 to 19 years, in São Paulo, Salvador, and Belo Horizonte. In this analysis, data from participants enrolled in the PrEP1519 cohort between February/2019 to August/2021 were used. However, we observed these participants until February 2022 to analyze PrEP initiation in the follow-up. Adolescents who sought PrEP services were classified into four groups, according to PrEP eligibility (i.e., eligible or non-eligible) and individual decision to use PrEP (i.e., started, not started): i) participant with no indication of use of PrEP, not eligible; ii) eligible and started using PrEP at first visit; iii) eligible and started using PrEP after the first visit; and iv) with the indication of use of PrEP, but without initiation of PrEP. Groups were described and compared for sociodemographic and behavioral characteristics using 2 and Fisher's Exact tests. The analyzes were performed using the software R v.4.1.0, considering a level of statistical significance of 5%. (3) In article 3, baseline data from the PrEP1519 cohort of participants enrolled in the study between February/2019 to February/2021 were used. A socio-behavioral questionnaire was applied on the first visit to the PrEP service. The proportions of intention to use, eligibility for PrEP use, and initiation of PrEP use among participants linked to the clinics were described. Socio-behavioral and demographic factors associated with the initiation of PrEP were analyzed, stratified by age group 15 to 17 years old and 18 and 19 years old, using logistic regression with adjusted prevalence ratio (aPR) and 95% CI. Results referring to the first objective: Acceptability of daily oral PrEP was high (69.7%) among the 3,544 MSM available for analysis. Most participants self-reported low or moderate risk of HIV infection (67.2%) and a small proportion (9.3%) reported high risk. A dose-response relationship was observed between acceptability of PrEP and self-reported risk: PrEP acceptability was 1.88 times higher (OR 1.80; 95% CI: 1.24–2.85) among MSM whose perceived risk of HIV infection was low or moderate, and 5 times higher (OR 5.68; 95% CI: 2.54–12.73) among those who self-reported high risk compared to MSM reporting no HIV risk. Results referring to the second objective: Of the 1,254 adolescents who arrived at the PrEP1519 services, 61 (4.9%) were not indicated to use PrEP, because they had some clinical contraindication or an assessment that indicated a low risk for HIV. Of the 1,193 eligible for same-day PrEP initiation, 1,113 (93.3%) initiated PrEP [1,054 initiated PrEP in the first visit (88.3%) and 59 in subsequent visits (4.9%)], and 80 (6.7%) did not. Of these initiated PrEP during the follow-up, 50.0% started using PrEP within the first 42 days after the first visit. Adolescents who started using PrEP were at greater risk of HIV infection. Results referring to the third objective: Among recruited participants, 174 (19,2%) were aged 15-17 yo and 734 (80,8%) 18-19 yo. The rateof PrEP initiation was 78.2% and 77.4% for 15-17 yo and 18– 19 yo, respectively. Factors associated with PrEP initiation were: black or mixed race (aPR 2.31; 95%CI: 1.10 - 4.84) among the younger adolescents 15-17 yo; experienced violence and/or discrimination due to their sexual orientation or gender identity (aPR 1.21; 95%CI: 1.01 - 1.46); received money or favors in exchange for sex (aPR 1.32; 95%CI: 1.04 - 1.68);and having had between 2 to 5 sexual partners in the previous three months (aPR 1.39;95%CI: 1.15 - 1.68) among those 18-19 yo. Unprotected receptive anal intercourse in the previous 6 months was associated with PrEP initiation in both age groups (aPR 1.98; 95%CI: 1.02 - 3.85and aPR 1.45; 95%CI: 1.19 - 1.76 among 15-17 yo and 18-19 yo, respectively).Conclusion: PrEP is an effective prevention method to control the HIV epidemic among adults and adolescents of the key populations in Brazil and the world. The perceived risk of HIV infection plays an important role in the acceptability of PrEP. And to expand access to PrEP among vulnerable populations, PrEP programs must be organized, and health professionals must be prepared to identify vulnerable populations with an indication of prophylaxis use. So guide them about their risk of HIV infection and the need to use a preventive method, with PrEP as an option.
Palavras-chave: Profilaxia Pré-exposição ao HIV
Aceitabilidade da PrEP
Iniciação do uso da PrEP
Populações-chave para o HIV
Homens que fazem sexo com homens
Mulheres trans
CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia
Sigla da Instituição: ISC-UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Tipo de Acesso: Acesso Restrito/Embargado
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40109
Data do documento: 30-Jan-2023
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