Faces da boa morte: discurso e patrimonialização nos jornais soterapolitanos A tTrde e Correio 2008- 2011

Abstract

Os festejos em louvor à Assunção de Maria fazem parte da vida de cristãos desde os primórdios do cristianismo. A tradição religiosa chegou ao Brasil e à Bahia, em especial, através dos portugueses e com as irmandades vindas de Portugal, mesclando o cristianismo católico europeu com as tradições indígenas e africanas, conferindo um caráter peculiar ao cristianismo católico brasileiro e baiano. Foi nesse contexto que foi criada a Irmandade da Boa Morte em Salvador, na Igreja da Barroquinha por mulheres de origem africana na segunda metade do século XIX. Além da devoção mariana, as integrantes da confraria precisavam estar ligadas ao candomblé. Aquelas mulheres enfrentaram intensa perseguição e preconceitos e saíram de Salvador, deslocando-se para Cachoeira, onde a irmandade permanece ativa. Ser uma confraria composta apenas por mulheres devotas de Nossa Senhora e dos orixás, guardiãs dos mistérios e tradições sagradas da África e que promove uma celebração anual que recorda as memórias dos antepassados e ao mesmo tempo louva a vida e a identidade afro-baiana, chama a atenção. Não somente de turistas baianos e de outras regiões do Brasil, mas de outros países, como Estados Unidos, em especial. Ao longo dos anos a mídia ampliou a cobertura feita do evento, à medida que o turismo étnico foi ganhando força no estado e se revelando promissor. Entretanto, a Boa Morte conquistou espaço nas telas do audiovisual, da televisão, do computador e nas ondas do rádio. Mas e nos jornais impressos, ocorreu o mesmo que nos demais suportes midiáticos? E o reconhecimento da festa como patrimônio cultural de natureza imaterial em 2010 alterou algo na dinâmica discursiva? Assim, esta pesquisa tem por finalidade analisar a cobertura da festa feita por jornais impressos, concentrando-se nos periódicos soteropolitanos A Tarde e Correio, compreendendo o período 2008-2011, a fim de verificar as variáveis discursivas na construção da notícia acerca da Festa da Boa Morte num período anterior e posterior ao registro da celebração como patrimônio cultural imaterial do estado da Bahia.