Resumo:
Neste capítulo, refletimos acerca da utilização da Arteterapia no trabalho clínico com pessoas transexuais. A partir do entendimento da Arteterapia como um campo transdisciplinar, perpassado por diversas fundamentações teóricas, optamos por aproximá-la da teoria psicanalítica, mostrando a presença de concepções freudianas na condução e nas intervenções arteterapêuticas realizadas em um trabalho clínico em grupo com pessoas transexuais. Através de alguns depoimentos de pessoas desse grupo, refletimos sobre como o trabalho com a Arteterapia auxiliou cada um dos seus participantes a se tornar responsável e autônomo em suas criações, ampliando seu autoconhecimento e posições no mundo, incentivando, a cada encontro, novas falas, expressões e possibilidades de novos olhares e formas de comunicação. A Arteterapia possibilitou, assim, aos sujeitos em questão reinventarem seus modos de lidar com a realidade, inclusive compreendendo um sofrimento que, muitas vezes, provém de determinantes psicossociais. Ela facilitou a saída do enclausuramento da vida social e psíquica, permitindo mais facilmente, para essas pessoas, lidarem com as exigências sociais com menos sofrimento e de maneira mais criativa, na afirmação e reconhecimento das suas existências legítimas.