Abstract: | Este trabalho investe no estudo das imagens de Nordeste presentes no romance Galiléia
(2008), do escritor Ronaldo Correia de Brito, e do modo como estas imagens se relacionam com a consciência nacional, com as imagens cristalizadas sobre a região e com as questões que perpassam as reconfigurações dos territórios e das identidades na contemporaneidade.
Parte-se do entendimento de ser o Nordeste brasileiro um conjunto de imagens e de discursos,produto de uma repetição, por vezes, exaustiva de cenas que se delinearam, principalmente,através de produções artísticas, emergindo em um determinado período histórico: início do
século XX. Esses discursos produziram a ideia de um Nordeste fechado, bem delimitado e facilmente reconhecível, tentando englobar uma multiplicidade de subjetividades em uma
identidade aparentemente uniforme e determinada pelo território. Este trabalho discute como esses discursos que se consolidaram acerca do espaço Nordeste reaparecem em Galiléia
(2008) entrelaçados a discursos outros que possibilitam a ressignificação da região,
compreendida não mais como espaço meramente inscrito na natureza, mas a partir de seu
caráter histórico e político e delineado pelas representações culturais. A análise aponta para a existência de reelaborações desses discursos, que implicam em contundentes estratégias de
desmantelamento da naturalização acerca do Nordeste. Investigando a confluência discursiva entre um Nordeste de outrora e o contexto contemporâneo, no romance em questão, o estudo se debruça sobre as questões referentes à revisão da memória e da narrativa histórica
sertaneja, aos trânsitos de pessoas e às hibridações culturais, tendo em vista as relações paradoxalmente homogeneizantes e contraditórias que a entremeiam. |