Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34634
Tipo: Dissertação
Título: Economia solidária e as religiões afrobrasileiras: os diálogos possíveis no grupo Omim Lolá – Casa de Oxumarê
Autor(es): Oliveira, Luiza Regina Alves de
Autor(es): Oliveira, Luiza Regina Alves de
Abstract: Vivemos em um contexto, no Brasil e no mundo, marcado, cada vez mais, pelo crescimento da pobreza, da violência e da intolerância religiosa. Nesse cenário, os setores populares procuram formas alternativas para sobreviverem às adversidades postas pelo atual modelo de desenvolvimento. A economia solidária tem se firmado como uma alternativa de organização desses setores por agregar ao “econômico” a dimensão da solidariedade. Tem se constituído como um espaço de experimentação de variados e diversificados formatos de organizações econômicas e sociais. Não há nesse campo modelos e regras rígidas a serem seguidas. Por isso, possibilita a interação com diferentes culturas, povos e territórios. No Brasil, a presença dos povos de terreiro no movimento de economia solidária tem pautado um interessante debate no que diz respeito às relações de poder, econômicas, políticas e sociais presentes nos terreiros de candomblé. Isso ocorre porque a autogestão é um dos princípios fundamentais da economia solidária enquanto nas religiões afro-brasileiras a hierarquia, o parentesco e a senioridade tem um lugar central. Nesse sentido, algumas perguntas orientam esse processo investigativo. Como funcionam as relações sócio-político-econômicas nos terreiros? O que são esses empreendimentos de matriz africana? Quem os compõe? Onde estão? O que produzem? Como é possível estabelecer relações entre a economia solidária com a estrutura hierarquia de poder no candomblé? Como se estabelecem essas trincheiras? Isso é um problema? Se é, para quem? Para os terreiros? Para o movimento de economia solidária? A pesquisa ora apresentada tem como objeto uma análise sobre a economia solidária como estratégia político-econômica das religiões afro-brasileiras enfocando a hierarquia e autogestão existentes no grupo pertencente à Casa de Oxumarê. O objetivo geral é analisar como se relacionam a hierarquia e a autogestão no processo de produção do grupo Omim Lolá. Na busca por encontrar resposta para este problema, optei por um percurso metodológico que permitisse uma aproximação mais consistente com a realidade do grupo. Por isso, além da revisão bibliográfica e documental, necessárias para qualquer processo de pesquisa, optei pela observação participante. Assim, fiz um processo de imersão por aproximadamente sete meses no grupo Omim Lolá. Nesse período, participei efetivamente do curso de bordado tradicional e de costura oferecidos pelo terreiro, do processo de produção e comercialização, além de reuniões e outras atividades realizadas pelo grupo e pela Casa de Oxumarê. Dessa forma é possível sugerir que o Omim Lolá possui na sua rotina valores e princípios que se assemelham as iniciativas da economia solidária, de respeito, reciprocidade, cooperação, valorização das pessoas. Ao passo que criam suas estratégias de lidar com a hierarquia e senioridade existente no grupo, elementos inerentes das religiões afro-brasileiras.
The current scenario, both in Brazil and worldwide, has been progressively marked by the increase of poverty, violence, and religious intolerance. In this scenario, popular sectors have sought alternative frameworks in order to overcome the adversities that result from the current development model. The solidarity economy has consolidated itself as an alternative framework of organizing these sectors due to its capacity to merge the solidarity dimension to the 'economic' dimension. The solidarity economy has been settled as a space of experimentation of diversified and diverse formats of social and economic organizations. In this field, there are no rules or models to be followed, which enables its interaction with different cultures, peoples, and territories. In Brazil, the presence of 'povos de terreiro' (peoples from the candomblé spaces) in the solidarity economy movement has given rise to an interesting debate that focuses on the social, economic, and power relations within the 'terreiros de candomblé'. This situation occurs because (1) self-management is one of the core principles of the solidarity economy, while (2) hierarchy, kinship, and seniority have a central role in the Afro-Brazilian religions. Taking this scenario into consideration, the present investigative process was led by the following questions: How do the socio-political-economic relations take place in the terreiros? What are these African matrix endeavors? Who are their members? Where are they? What do they produce? How can we establish relations between the solidarity economy and the hierarchic structure of power in candomblé? How are these trenches settled? Is this a problem? If it is, for whom? For the terreiros? For the solidarity economy movement? The research hereby presented focuses on analyzing the solidarity economy as a political-economic strategy of the Afro-Brazilian religions regarding the hierarchy and self-management existing in the group of Casa de Oxumaré. Thus, this research aims at analyzing how the hierarchy and selfmanagement are related in the creation process of the Omim Lolá group. Seeking answers to this issue, I opted for a methodological course that would allow approaching the groups more consistently. Therefore, in addition to the bibliographical and documental reviews - necessary for any research process - I opted for the participant observation. Thus, I xperienced an immersion in the Omim Lolá group for approximately seven months. eDuring this period, I effectively participated in both traditional embroidery and sewing courses offered by the terreiro as well as in the process of production and commercialization of these items. I also took part in meetings and other activities that were carried out by the group and by the Casa of Oxumaré. In conclusion, it is possible to suggest that the Omim Lolá group holds values and principles that are similar to the ones of the solidarity economy's initiatives: respect, reciprocity, cooperation, and the valuing of people. At the same time, they create their strategies of how to deal with the hierarchy and seniority that exists in the group, which are inherent elements to the Afro-Brazilian religions.
Palavras-chave: Economia solidária
Hierarquia
Religião afro-brasileira
Reciprocidade
CNPq: Antropologia das Populações Afro-Brasileiras
País: Brasil
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34634
Data do documento: 27-Dez-2021
Aparece nas coleções:Dissertação (PPGA)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
DISSERTAÇÃO LUIZA REGINA ALVES DE OLIVEIRA.pdf2,44 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.