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Tipo: Tese
Título: O radicalismo islâmico e as agendas geopolíticas ocidentais: alianças e conflitos no caso da Líbia, da revolta contra Gaddafi aos dias atuais
Autor(es): Lano, Angela
Autor(es): Lano, Angela
Abstract: O presente trabalho de tese tem como objetivo destacar, através de um caminho iniciado com o estudo e análise histórica do radicalismo islâmico/islamismo-islã político, desde suas origens até os nossos dias, as ligações e as colaborações entre este último e as agendas ocidentais, com atenção especial à Líbia. O assunto central deste tese é verificar se, na esteira das “Primaveras árabes” que envolveram o norte da África e o Oriente Próximo e Médio, o islamismo político, em suas várias expressões ideológicas e operacionais, tenha colaborado instrumentalmente com a OTAN e as potências ocidentais que dela fazem parte e com alguns estados árabes do Golfo para a derrubada do regime de Gaddafi. Além disso, a questão é se o islamismo político e as agendas ocidentais tenham planejado (inicialmente cada um por si e depois em conjunto), a mudança de regime, e se isso não fosse um objetivo compartilhado pela maioria da população líbica, que exigia algumas mudanças sociais, políticas e econômicas, e não o colapso da Jamâhîriyya. O trabalho bibliográfico e de campo desses anos de pesquisa demonstra que estas hipóteses têm bases concretas, verificadas através de textos, artigos e análises de importantes estudiosos internacionais - professores universitários de antropologia, ciência política, relações internacionais, história, estudos islâmicos e geopolítica -, de documentos desclassificados de agencias de inteligências e governos internacionais, e de entrevistas realizadas no Norte da África e na Europa com líbios e muçulmanos de vários países árabes e europeus. Das várias fontes - primárias e secundárias – ressalta-se que a revolta de 2011 e a situação atual da Líbia têm múltiplas e diversificadas causas internas e externas: certamente, na base do levante havia uma necessidade geral de mudança interna, por maiores espaços de debate social e político, de maior equidade e distribuição de riqueza e poder, mas as ações populares foram infiltradas, desviadas e manipuladas por grupos ligados ao islamismo político - da Irmandade Muçulmana a al-Qâ‘ida e o Dâ‘ish - e pelas potências ocidentais que planejavam uma mudança de regime há anos. Para esses movimentos islamistas, seguidores da doutrina do ideólogo medieval Ibn Taymiyya, Gaddafi e sua Revolução Verde representavam uma forma de governo blasfemo, em antítese ao “governo de Deus” por eles pregado, que precisava ser derrubado: o Coronel era o “tirano” que tinha que ser morto. As trocas de e-mails entre o Secretário de Estado dos EUA, Hillary Clinton e seu conselheiro, Sidney Blumenthal, confirmam que rebeldes no leste da Líbia incluíram muitos elementos 9 jihadistas que se infiltraram no Conselho Nacional de Transição. Os e-mails mostram também que o presidente francês Nicolas Sarkozy estava muito preocupado com os projetos de Gaddafi na África - adoção do dinar de ouro para as transações comerciais e de petróleo, banco central africano, etc. -, revelando que tudo isso representava uma “séria ameaça” ao status quo econômico-financeiro ocidental e era uma das verdadeiras razões da guerra da OTAN contra a Líbia. Em março de 2011, políticos e agencias de inteligências internacionais estavam conscientes do sério risco representado pela presença do islamismo radical e do terrorismo, prontos para explorar o vácuo de poder que a guerra estava criando na Líbia; no entanto, essa consciência não os fez desistirem de seus planos.
This doctoral thesis aims to highlight, through a path that began with the study and historical analysis of Islamic radicalism/political Islâm from its origins to the present day, the links and collaborations between radicalism and the western agendas, with special attention to Libya. The central question was whether, in the wake of the “Arab Spring” that involved North Africa and the Near and Middle East, political Islam, in its various ideological and operational expressions, had instrumentally collaborated with NATO, and the Western powers that are part of it, and with some Arab Gulf states for the overthrow of the Gaddafi regime. Moreover, the question is whether political Islam and Western agendas had planned (initially each for themselves and then jointly) a regime change, and if this were not a goal shared by the majority of the Libyan population, which required some social, political and economic change, and not the collapse of the Jamâhîriyya. The bibliographical and field work of these years of research shows that this hypothesis has concrete foundations, verified through books, articles and analysis of important international scholars - university professors of anthropology, political science, international relations, history, Islamic studies and geopolitics -, declassified documents from international intelligences and governments, and interviews conducted in North Africa and Europe with Libyans and with Muslims from various Arab and European countries. From the various sources - primary and secondary - it is highlighted that the 2011 revolt and the current situation in Libya have multiple and diverse internal and external causes: certainly, 10 at the base of the uprising there was a general need for internal change, for greater spaces for social and political debate, more equity in the distribution of wealth and power; however, popular actions were infiltrated, deverted and manipulated by groups linked to political Islâm - from the Muslim Brotherhood to al-Qâ‘ida and Dâ‘ish - and by the Western powers that had been planning a regime change for years. For these Islamist movements, followers of the doctrine of the medieval ideologue Ibn Taymiyya, Gaddafi and his Green Revolution represented a blasphemous form of government, in antithesis to the “government of God” they preached, which needed to be overthrown: the Colonel was the “tyrant” who had to be killed. E-mail exchanges between US Secretary of State Hillary Clinton and his adviser Sidney Blumenthal confirm that rebels in eastern Libya included many jihadist elements who had infiltrated the National Transitional Council. The emails also show that French President Nicolas Sarkozy was very concerned about Gaddafi's projects in Africa - adoption of the gold dinar for oil and trade transactions, the African central bank, etc. - revealing that all this posed a “serious threat” to the Western economic-financial status quo and was one of the real reasons for NATO's war against Libya. By March 2011, politicians and international intelligences were aware of the serious risk posed by the presence of radical Islâm and terrorism, ready to exploit the power vacuum that the war was creating in Libya; however, this awareness did not make them desist from their plans.
Palavras-chave: Islamismo radical
Gaddafi
Dâ‘ish
Islã político
Gaddafi
al-Qâ‘ida
Líbia
CNPq: Estudos Africanos
País: brasil
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.program: Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos
Tipo de Acesso: Acesso Restrito
URI: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34538
Data do documento: 30-Nov-2021
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