Estudo comparativo entre os gastos do tratamento da osteonecrose do ombro, em pacientes com anemia falciforme, com o uso de células tronco e artroplastia total.

Abstract

A pesquisa tem como objetivo geral comparar os gastos do tratamento da osteonecrose do ombro, em pacientes com anemia falciforme, tratadas com uso de implante de células mesenquimais da medula óssea, e os pacientes tratados da forma convencional (artroplastia) no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos (COM – HUPES) e, como objetivos específicos, descrever características clínicas como início da sintomatologia, lateralidade da lesão, localização da osteonecrose e restrições das atividades de vida diária. A doença falciforme é um problema de saúde pública, principalmente no estado da Bahia, por sua grande prevalência, e por causar complicações graves à saúde do indivíduo. Justifica-se, portanto, a necessidade de pesquisas em um tratamento menos invasivo, custoso e com melhor recuperação. O uso do implante autólogo de CMMO surge como uma nova alternativa, com bons resultados e maior comodidade e segurança. O que evidencia a importância deste estudo para analisarmos as vantagens do tratamento proposto, em comparação ao convencional (uso de próteses), para assim, percebermos a diferença de gastos, tempo de internação, tempo de recuperação e de retorno às atividades. O referencial metodológico baseia-se em um estudo de coorte retrospectiva, com foco nos gastos realizados com pacientes portadores de DF e acompanhados, no período de 14 anos, compreendidos entre 2005 e 2019, no Com-HUPES, sendo que a seleção da população do estudo, deu-se por análise dos prontuários médicos e registros de pacientes, com osteonecrose do ombro. Assim, avaliamos o gasto da cirurgia por terapia celular por meio de análise dos dados do projeto de tratamento por terapia celular do Com-HUPES comparados com a tabela de valores do SUS para o procedimento de artroplastia total de ombro, que ainda é o tratamento padrão-ouro preconizado. Analisamos os dados cirúrgicos/clínicos de 29 pessoas com diagnóstico de doença falciforme e portadores de osteonecrose, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 42 anos. Os resultados obtidos evidenciam que os gastos com a cirurgia em que há a substituição da cabeça umeral com o uso de prótese (total de R$ 4.121,52), apresenta um gasto de, no mínimo, R$965,85 (23,43%) a mais que a cirurgia com o implante de células tronco (total de R$ 3.155,67). Podemos concluir, dessa maneira, que além da indiscutível vantagem para o paciente - como menor tempo de internamento (o que indiretamente já traz inúmeros benefícios, como menor risco de infecções, embolia, trombos etc.), melhor recuperação, retorno às atividades cotidianas de forma mais precoce, menor agressão local e consequentemente menor processo doloroso, dentre outros incontáveis benefícios - há também uma evidente economia para os cofres públicos e para o Sistema Único de Saúde, onde percebemos uma economia de aproximadamente 25% dos gastos com o procedimento utilizando as células tronco, em relação ao tratamento convencional com a realização da artroplastia de ombro.