Interações sociais podem alterar o comportamento sexual de Anastrepha fraterculus (Diptera: Tephritidae)?

Abstract

O comportamento sexual em muitas espécies de mosca-das-frutas é essencial para que os machos conquistem as fêmeas. Eles podem adquirir informações por meio de interações sociais e modificar seu comportamento no futuro para obter mais acasalamentos. Tem sido demonstrado que experiência sexual prévia e interações entre machos podem modificar o comportamento sexual deles, tornando-os mais aptos a conquistarem fêmeas em cortes subsequentes. A moscadas- frutas Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) (Diptera: Tephritidae), uma praga agrícola, apresenta comportamento sexual complexo, no qual machos mantém interações com outros machos durante o comportamento de lek, podendo também acasalar com diversas fêmeas ao longo da vida. O estudo do comportamento de corte de A. fraterculus pode contribuir para o aprimoramento da Técnica do Inseto Estéril (TIE). Essa técnica consiste na produção e esterilização de milhões de machos em laboratório, sendo que estes devem ter uma alta qualidade e ser sexualmente competitivos, sendo capazes de acasalar com fêmeas selvagens, promovendo assim a redução gradual da população no campo. O objetivo deste trabalho foi analisar a competitividade e o comportamento de corte de machos mantidos em diferentes contextos sociais, a fim de determinar se um acasalamento prévio ou interações com outros machos podem alterar o comportamento sexual deles, possibilitando que estes sejam mais aptos a acasalar com fêmeas em cortes subsequentes. Os machos foram mantidos agregados ou isolados durante seu período de amadurecimento sexual, e esses dois grupos foram expostos ou privados de contato com fêmeas virgens, formando assim os quatro tratamentos testados: machos copulados agregados, machos copulados isolados, machos virgens agregados e machos virgens isolados. Foram realizados testes de competição sexual e filmagens do comportamento de corte com os quatro tratamentos de machos. Os resultados deste estudo mostram que machos de A. fraterculus previamente acasalados não apresentam maior competitividade sexual ou qualquer mudança no comportamento de corte que proporcionasse uma vantagem sexual em relação a machos virgens. Entretanto, foi possível determinar que machos que mantiveram interações sociais com outros durante seu período de amadurecimento sexual, apresentaram maior competitividade sexual do que machos que foram mantidos em isolamento e maior frequência de unidade comportamentais associadas a emissão de feromônios sexuais. Essa descoberta é importante para entender melhor como o comportamento de corte e cópula em A. fraterculus varia de acordo com as interações sociais que os machos têm durante seu amadurecimento sexual. Isso pode ser um fator importante, levando em consideração que um pré-requisito para o sucesso da TIE é que os machos estéreis liberados sejam sexualmente competitivos para acasalar com o maior número de fêmeas selvagens possível, induzindo assim a uma falha na reprodução dessa praga agrícola.