A MATERNIDADE COMO FERRAMENTA DE MODULAÇÃO COMPORTAMENTAL FEMININA EM “THE HANDMAID’S TALE”: MATERNIDADE COMO DÁDIVA OU SENTENÇA?

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo investigar a atribuição da maternidade como ferramenta de modulação comportamental das personagens femininas no romance The Handmaid's Tale (2017) da escritora canadense Margaret Atwood. Busca-se propor uma análise sobre os aspectos comportamentais das personagens femininas da obra, dada a imposição de atributos religiosos e de feminilidade, tendo como pressupostos teóricos as obras de Judith Butler (1999; 2011). Elisabeth Badinter (1985), Simone de Beauvoir (2016a; 2016b), Jack D. Eller (2018), Marcia Neder (2016) e Guacira Lopes Louro (2000). Através da investigação dos aspectos biológico, sociais e psicológicos usados no romance de Atwood para assegurar o domínio dos homens sobre as mulheres, procura-se estabelecer uma relação entre religião e maternidade e sua consequente utilização no controle das mulheres da fictícia República de Gilead. Busca-se também compreender o impacto da religiosidade e estrutura dessa sociedade na formulação de um conceito de maternidade e sua influência na vida das mulheres dessa república. Analisa-se maternidade na obra e como sua imposição às mulheres direciona suas vidas para o único propósito da reprodução. Dessa maneira, apurou-se que a condução das vidas das mulheres férteis, no contexto social da obra, limita-se à fecundação. O presente trabalho possui relevância não apenas acadêmica, mas também social por apurar os elementos da maternidade, um dos componentes mais socialmente expressivos, em uma obra ficcional de grande alcance mundial e também pelo fato de esses aspectos do romance ainda não terem sido analisados em língua portuguesa. Utilizou-se o método dedutivo através da pesquisa bibliográfica e documental de obras sobre a construção do feminino, a antropologia da religião e as noções de maternidade, evidenciando, portanto, a abordagem qualitativa e o caráter exploratório. Verificou-se que a maternidade se apresenta na obra The Handmaid's Tale como uma ferramenta de modulação comportamental das personagens femininas.