Características clínicas e epidemiológicas de pacientes infectados pelo HIV-1 com idade superior a 50 anos, em centro de referência de Salvador, Bahia

Abstract

A prevalência de pessoas que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e tem idade superior a 50 anos dobrou nos últimos 20 anos. A eficácia da terapia antirretroviral (TARV) aumentou a expectativa de vida nas pessoas portadoras do HIV e possibilitou o aumento de infecções pelo vírus em pessoas de mais idade. Objetivo: avaliar as características clínicas e epidemiológicas de pacientes infectados pelo HIV-1 com idade superior a 50 anos, em centro de referência de Salvador, BA. Metodologia: pesquisa epidemiológica de fonte secundária de dados, obtidos a partir da análise dos prontuários dos pacientes com idade superior a 50 anos na data da última consulta, em 2014 e 2015, atendidos no ambulatório de HIV_AIDS do Complexo Universitário Professor Edgard Santos (C-HUPES), da UFBA, que estavam em seguimento regular. Resultados: Entre os prontuários analisados (n=133), a maioria era natural da Bahia (88%), com idade entre 50 e 59 anos (65,4%), do sexo masculino (74,4%), negro (63,1%), solteiro (33,8%) e com baixa escolaridade (27,1%); a principal categoria de exposição foi a heterossexual (39,1%); 97,7% usam a TARV e 86,5% estão com supressão virológica; 46,6% dos pacientes apresentam comorbidades, hipertensão arterial (30,8%), diabetes mellitus (11,3%), dislipidemia (9%), infarto agudo do miocárdio (0,7%) e osteoporose (0,7%); observou-se aumento estatisticamente significantes entre o uso de anti-hipertensivos, hipolipemiantes e hipoglicemiantes na primeira e última consulta; losartana (p<0,001), hidroclorotiazida (p=0,001), anlodipino (p=0,04) e atenolol (p=0,1), atorvastatina (p=0,03) e metformina (p<0,001). Discussão: Por suas implicações na prevenção primária pelo HIV, um achado importante foi demonstrar que a maioria dos pacientes estudados tinha idade inferior a 50 anos quando se descobriram portadores do HIV-1, sendo a via heterossexual a mais relatada. Houve aumento e o surgimento de comorbidades que podem ser relacionadas ao uso da TARV. Conclusão: Esforços preventivos devem levar esses resultados em conta. O uso da TARV proporciona inúmeros benefícios, mas pode ser associada ao aparecimento de comorbidades, considera-se oportuno que sejam traçadas estratégias de acompanhamento, visando o diagnóstico e intervenção precoce.