Autoimagem em mulheres submetidas a mastectomia por câncer de mama, acompanhada em ambulatório de um hospital universitário de Salvador ( Bahia, Brasil )

Abstract

Introdução. O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres. O tratamento cirúrgico, a mastectomia, acarreta muitas implicações negativas na autoimagem, que é a imagem que se tem do próprio corpo e na sexualidade. Objetivos. Descrever as consequências da mastectomia na autoimagem, sexualidade e adaptação à nova realidade das pacientes assistidas pelo Serviço de Mastologia do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Complexo-HUPES). Metodologia. Estudo qualitativo, de corte transversal e de caráter descritivo, entre pacientes submetidas à mastectomia e acompanhadas no Complexo-HUPES. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas individuais. O número de participantes, dezesseis pacientes, foi delimitado pelo critério de saturação dos dados. Estes foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo temático. Os critérios de exclusão foram: idade inferior a 18 anos, indisponibilidade de participação, tratamento quimioterápico e presença de outras comorbidades. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados. As informações foram organizadas nas seguintes categorias: Impacto emocional da descoberta da doença- caracterizado por sentimentos de medo e aflição; Autoimagem na pré-mastectomia- ausência de relatos de alteração da percepção do próprio corpo antes da mastectomia; Implicações da mastectomia na autoimagem- maioria insatisfeita com o corpo atual alterado; Interferência da mastectomia na resposta sexual-mudança no comportamento como: diminuição da libido, frequência e desconforto sexual e Adaptação a nova realidade. Discussão. Verificou-se que a mastectomia faz com que as mulheres percam um órgão relacionado à feminilidade e sensualidade, gerando estranheza e não aceitação, que, somados aos efeitos colaterais do tratamento (alopecia, ganho de peso) são traduzidos numa autoimagem deturpada e mudanças na vida sexual. O diagnóstico tardio, provavelmente, implicou em um tratamento mais agressivo. Conclusões. A mastectomia acarreta distorção da autoimagem pela identificação de um corpo mutilado. A vida sexual sofre implicações nas suas mais diversas esferas. Como adaptação à nova realidade, buscam em Deus um suporte para enfretamento do problema; vestimentas mais largas, próteses em sutiãs, reconstrução mamária, empenho em outras atividades e auxílio de terceiros nos afazeres diários.