Indicadores epidemiológicos de infecção por Schistosoma mansoni ou por Trypanosoma cruzi registrados em prontuários de hospital universitário

Abstract

Sobretudo na região Nordeste do Brasil, as infecções chagásica e mansônica ainda apresentam elevadas taxas de prevalência e de incidência. Isto motivou a avaliação, em prontuários de pacientes do hospital universitário de Salvador (Bahia, Brasil), o grau de concordância das informações epidemiológicas referentes às infecções pelo S. mansoni e pelo T. cruzi com os dados de investigações específicas, realizadas durante a internação hospitalar. Foram estudados 83 prontuários de pacientes, selecionados ao acaso e distribuídos nas enfermarias das clínicas médica e cirúrgica, mas como não houve diferença estatística entre os grupos da Clínica Médica versus da Cirurgia, os resultados foram avaliados de forma conjunta. A média de idade e do tempo de internação foram, respectivamente, de 55,6 anos e de 28,5 dias; e a maioria (62%) dos pacientes procedia de cidades do interior do Estado da Bahia. Mesmo as vagas expressões “epidemiologia positiva” ou “negativa” relacionadas ao risco de infecção chagásica, essas só foram registradas em 19 (22,9%) dos prontuários examinados, e entre esses em apenas três prontuários constou registro se havia ou não história de hemotransfusão; e naqueles (n=34) com “epidemiologia positiva”, história de hemotransfusão e/ou com algum indicador clínico de doença de Chagas, de nenhum caso houve registro em prontuário de resultado(s) de exame(s) sorológico(s) específico(s). Quanto à infecção pelo S. mansoni, uma daquelas expressões foi registrada em apenas 16 (19,3%) prontuários pesquisados, e entre esses um caso tinha familiar portador da esquistossomose mansônica, mas para esse caso e aqueles com “epidemiologia positiva” não houve registro da pesquisa complementar específica. No entanto, houve elevada concordância (75,9%) entre os prontuários com algum registro de indicador epidemiológico para ambas as infecções com aqueles sem esses registros (p<0,000001). Em conclusão, esses resultados indicam situação muito preocupante, especialmente por serem oriundos de hospital universitário, porque aparentemente essas duas infeções endêmicas não estão sendo devidamente investigadas.