(Com)posições docentes em narrativas de formação de um professor de Ciências e Biologia

Abstract

A presente investigação/formação insere-se no campo das pesquisas com narrativas (auto)biográficas na formação docente em Ciências/Biologia. Alicerça-se nas teorizações pós- críticas em Educação e nos estudos de Michel Foucault. Possui como questão de pesquisa: quais modos de subjetivação vêm me constituindo como sujeito docente de Ciências/Biologia? A partir de tal questão, objetivei problematizar os modos de subjetivação que me constituem como sujeito docente. Para dar conta de tal objetivo, busquei ressignificar as narrativas (auto)biográficas à luz da perspectiva pós-crítica, entendendo que a vida se constitui a partir do que dela se diz, e compreendendo as narrativas como efeitos de discursos. Entendendo, ainda, que trabalhar com narrativas (auto)biográficas implica em operar com palavras, busquei exercitar uma forma de escrita da vida que coaduna com escolhas teórico- políticas próprias. Assim, investi em uma escrita narrativa fragmentária, intertextual e com características literárias, objetivando romper com uma forma linguística unitária. Denominei tal forma de escrever uma vida como uma escritura de vida intersticial. Das narrativas problematizadas, emergiram discursos/práticas que concorreram pela minha constituição como sujeito (docente). Entre eles, estão os discursos disciplinares, os discursos culturais, o discurso da racionalidade técnica, da racionalidade crítica, o discurso construtivista, discursos religiosos, discursos científicos, etc. Além dos discursos que concorreram para me assujeitar de formas específicas como sujeito docente, me formei, ainda, a partir do trabalho realizado sobre mim mesmo, por meio de técnicas de si. Assim, elaborei e dei forma à minha vida a partir de experiências estéticas com artefatos artístico-culturais, bem como por meio da minha relação com o saber e com os estudos, na medida em que elaborei o ato de aprender de modo a significar a mim mesmo. Concluo que tais achados de pesquisa foram formativos por me permitirem significar os modos pelos quais cheguei a ser quem sou: um sujeito fruto de múltiplos processos formativos, eles mesmo contingentes, conflitivos e desarmônicos. Exercitar uma escritura de vida intersticial me permitiu elaborar a minha vida como vida intersticial: uma vida que fabrica a sua potência a partir de um espaço desterritorializado, uma vida que, ao escrever sobre si, procura transmutar conhecimento em arte.

ABSTRACT The present investigation/formulation is inserted in the field of research of (auto)biographical narratives on the development of a Sciences/Biology teacher. It is based on educational post- critical theories and the studies of Michel Foucault. Its main question is: Which subjectivation approaches helped me turn into a Biology/Sciences teacher? And, from this question, I aimed to problematize subjectivation approaches that constituted me as a teacher. In order to achieve this goal, I sought to reframe the (auto)biographical narratives in the light of the post-critical perspective, understanding that life is constituted from what is said about it, and understanding narratives as products of numerous discourses. Once I understood that working with (auto)biographical narratives implies operating words, I tried to exercise a way of writing about life that was consistent with my own theoretical and political views. Thus, I invested in a fragmented and intertextual narrative with literary characteristics, aiming to break away from a unitary linguistic form. I called this way of writing about life an interstitial life scripture. Discourses/practices emerged from the problematized narratives that competed for my formation as a teacher, such as disciplinary discourses, cultural discourses, discourses on technical rationalism and critical rationalism, constructivist discourse, religious discourses, scientific discourses, etc. In addition to the discourses that contributed to build my identity as a teacher, I became what I am today through the work done on myself, through technologies of the self. I elaborated and shaped my life through aesthetic experiences with artistic-cultural artifacts, as well as through my relationship with knowledge and studies. Concomitantly, I elaborated the act of learning, molding it to fit my experiences, turning into a form of self- identification. I conclude that such research findings were formative because they allowed me to signify the ways in which I came to be who I am: a subject resulting from multiple formative processes, that were contingent, conflicting and disharmonious. Exercising an interstitial life script allowed me to elaborate my life as an interstitial life: a life that manufactures its power from a deterritorialized space, a life that, when writing about itself, seeks to transmute knowledge into art.