Clarice Lispector: uma poética do corpo

Abstract

Clarice Lispector acentua, em sua obra, uma diversidade de formas de atuação do corpo. Este, em consonância com os sentidos, é fonte de apreensão do mundo e revelador da própria realidade que o cerca. É com base na conscientização do corpo e na aceitação das suas exigências, que as personagens se desnudam e caminham em busca do autoconhecimento e da construção de suas identidades. Nas diferentes relações sexuais, como triângulos amorosos, dentre outras situações, o corpo, guiado pelos instintos, potencializa as sensações, dores, prazeres, violência e desejos, que determinam, sustentam ou destroem a harmonia da convivência dessas relações. Observa-se também o corpo de personagens femininas velhas que reclamam por satisfação dos apelos carnais. Outra face do corpo na ficção de Clarice Lispector se descortina por meio do embate visual entre o humano e o animal. Além disso, o corpo capta odores que atraem, repulsam, revitalizam, embriagam ou desfalecem o ser, o que o torna uma representação do olfato intensamente aberto ao mundo e pronto para capturá-lo. Considerando tais pontos de referência, este estudo tem como objetivo discutir a dimensão das imagens corporais na obra de Clarice Lispector, observando suas particularidades e incidência.

Clarice Lispector stresses in his work, a variety of body acting forms. This in line with the senses is the world's seizure of source and revealing the very reality that surrounds him. It is based on awareness of the body and acceptance of its demands; the characters undress and go in search of self-knowledge and the construction of their identities. In different sex as love triangles, among other situations, the body, guided by instincts, enhances the sensations, pain, pleasure, violence and desires, which determine, sustain or destroy the harmony of coexistence of these relations. We also observed the body of old female characters who demand satisfaction of carnal appeals. Another face of the body in Clarice Lispector's fiction unfolds through the visual clash between the human and the animal. In addition, the body captures odors that attract, repel, revitalize, drunk or fail to be, which makes it a representation of the smell intensely open to the world and ready to capture it. Considering these points of reference, this study aims to discuss the size of the body images in the work of Clarice Lispector, noting its peculiarities and effect.