Aterosclerose subclínica identificada através do escore de cálcio coronariano e da espessura miointimal carotídea em pacientes renais crônicos não dialíticos

Abstract

RESUMO INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbimortalidade na atualidade no mundo desenvolvido e a aterosclerose é o fator causal, isoladamente, mais importante. O risco de doença cardiovascular entre pacientes com doença renal crônica (DRC) é superior ao da população geral, havendo elevada prevalência de coronariopatia (40%) e maior mortalidade (10 a 20 vezes). A pesquisa e a avaliação de aterosclerose subclínica por métodos de imagem pode ser utilizada na identificação e estratificação do risco aterosclerótico. O objetivo deste estudo foi a identificação de aterosclerose subclínica através da descrição das frequências de distribuição de escores de cálcio coronariano (ECC) e dos percentis de espessura miointimal da artéria carótida (EMIC) em pacientes portadores de DRC não-dialítica. MATERIAIS E MÉTODOS: De novembro de 2012 a dezembro de 2013, foram selecionados 40 pacientes em estágio 3 ou 4 de DRC sem programa de hemodiálise, no Hospital Ana Neri/UFBA. Excluídos os indivíduos maiores de 65 anos, com diagnóstico prévio de doença arterial coronariana ou submetidos a angiografia e intervenção coronária percutânea ou revascularização do miocárdio. Foram calculados o ECC e EMIC bem como suas média e desvio padrão, mediana e quartis. Para verificar a associação entre as variáveis nominais usamos o teste Exato de Fisher e para identificar correlação entre as variáveis quantitativas usamos a Correlação de Spearmann. Foi considerado significativo o valor de p < 0,05. RESULTADOS: A distribuição do ECC não foi normal e a mediana aumentou conforme as faixas etárias também aumentavam. Foi igual a zero em 50% da amostra: em todos os pacientes abaixo de 45 anos, 50% daqueles entre 45 a 49 anos e 50 – 54 anos, em 53,8% naqueles de 55 a 59 anos e em 25% naqueles de 60 a 65 anos, porém p valor=0,102 (estatisticamente não significativo). A mediana da EMIC foi 0,9 mm com intervalo interquartil 0,7 – 1,2mm. Estavam no percentil75 para idade e sexo: 80% daqueles com 45 anos, 25% daqueles de 45 a 49 anos, 66,7% daqueles de 50 a 54 anos, 69,2% daqueles de 55 a 59 anos e 50% daqueles de 60 a 65 anos, porém o p valor foi 0,602 (estatisticamente não significativo). Entretanto quando realizada correlação da idade com os valores de ECC e EMIC houve correlação positiva 10 moderada entre idade e ECC ( r= 0,458 p=0,03) e fraca entre idade e EMIC ( r= 0,346 p=0,029). A correlação entre EMIC e ECCA foi forte (r= 0,807 p < 0,001). CONCLUSÃO: A utilização de exames não invasivos em portadores de DRC não-dialítica pode identificar aterosclerose subclínica, através do ECC e EMIC. Isto talvez possa interferir na evolução clínica e prognóstico. Palavras-Chave: Aterosclerose subclínica, doença renal crônica, escore de cálcio coronariano

ABSTRACT INTRODUCTION: Cardiovascular diseases are the leading cause of morbidity and mortality in the developed world today and atherosclerosis is the causal factor alone more important. The risk of cardiovascular disease among patients with chronic kidney disease (CKD) is higher than the general population, with high prevalence of coronary artery disease (40%) and higher mortality (10-20 times). The research and evaluation of subclinical atherosclerosis by imaging methods can be used in the identification and stratification of atherosclerotic risk. The aim of this study was the identification of subclinical atherosclerosis by describing the frequency distribution of coronary calcium scores (CACS) and percentiles of myointimal thickness of the carotid artery (MTCA) in non-dialysis patients with CKD. MATERIALS AND METHODS: From November 2012 to December 2013, we selected 40 patients with stage 3 or 4 CKD without hemodialysis, the Ana Neri Hospital / UFBa. Excluded individuals older than 65 years with a diagnosis of coronary artery disease or undergoing angiography and percutaneous coronary intervention or coronary artery bypass grafting. CACS and MTCA were calculated and their mean and standard deviation, median and quartiles. To verify the association between nominal variables we use the Fisher exact test and to identify correlation between quantitative variables we used the Spearman correlation. Was considered significant when p <0.05. RESULTS: The distribution of the CACS was not normal and the median increased according to age groups also increased. Was zero in 50% of the sample: in all patients below 45 years, 50% of those between 45-49 years and 50-54 years, at 53.8% in those 55-59 years and 25% of those 60-65 years, but p value = 0.102 (not statistically significant). The median MTCA was 0.9 mm with interquartile range 0.7-1.2mm. Were in percentil75 for age and sex: 80% of those with 45 years, 25% of those 45-49 years old, 66.7% of those 50-54 years old, 69.2% of those 55-59 years and 50% of those 60-65 years, however p value was 0.602 (not statistically significant). However when performed correlation of age with the values of CACS and MTCA there was a moderate positive correlation between age and CACS (r=0.458 p =0.03) and between age and MTCA weak (r=0.346 p =0.029). The correlation between MTCA and CACS was strong 12 (r=0.807 p<0.001). CONCLUSION: The use of non-invasive tests in CKD non-dialysis can identify subclinical atherosclerosis through the CACS and MTCA.This maybe change the clinical evolution and prognosis. Keywords: subclinical atherosclerosis, chronic kidney disease, coronary calcium score