Resumo:
O presente trabalho se inicia com a caracterização do período mais recente de desenvolvimento do sistema sócio-metabólico do capital, partindo dos conceitos de “acumulação flexível”, de David Harvey e de “mundialização do capital” de François Chesnais, para entender a implementação do “modelo japonês”/“Toyotismo”, em um dos seus instrumentos mais usuais: o Programa de Qualidade Total. O lócus da pesquisa é o Banco do Brasil, a maior instituição financeira da América Latina. Tomando como marco referencial para o início da investigação o ano de 1986, quando o Banco perde a conta-movimento e se vê obrigado a buscar no mercado fontes próprias de captação de recursos, são analisadas as diversas iniciativas que a empresa adota, as quais ela chamou de “Programa de Ajustes” e que tinham como objetivo declarado “adaptar a instituição a essa nova realidade”. No bojo da análise das transformações que foram desencadeadas, argumenta-se que o Programa de Qualidade Total do Banco do Brasil – PQTBB, assume um papel significativo na medida em que é por meio dele que a empresa busca demonstrar a inexorabilidade das mudanças que vão sendo implementadas, ao mesmo tempo em que se tenta alcançar a adesão e o convencimento dos funcionários da instituição acerca da necessidade de adotar e conviver com os novos referenciais de gestão e organização do trabalho e da produção, mesmo que esses venham a exigir um aumento da produtividade e uma ampliação do controle da empresa por sobre as atividades desenvolvidas.