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Tipo: Dissertação
Título: O perfil da alternância do sujeito nós e a gente em Santo Antônio de Jesus: um recorte do português popular no interior da Bahia
Autor(es): Mendes, Rute Paranhos Silva
Autor(es): Mendes, Rute Paranhos Silva
Abstract: Esta dissertação apresenta uma análise variacionista da alternância entre as formas lingüísticas nós e a gente para expressão do sujeito na primeira pessoa do plural no português popular do interior do Estado da Bahia, a partir de amostra de fala vernácula recolhida em entrevistas com vinte e quatro informantes da sede e da zona rural do Município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano. Fundamentada nos princípios teóricos e metodológicos da Sociolingüística Variacionista, a análise descreve os contextos lingüísticos e extralingüísticos condicionadores do uso de um pronome em detrimento do outro e apresenta um diagnóstico do processo de variação nos termos da dicotomia variação estável ou mudança em curso. Em um total de 1.970 referências à primeira pessoa do discurso no plural, a forma a gente ocorreu em 93% dos casos, contra 07% da forma nós. Os resultados da análise quantitativa revelaram que o uso da variante a gente está correlacionado à realização fonética dessa forma pronominal, enquanto o apagamento do sujeito ocorre mais com a variante conservadora nós. Semanticamente, o pronome a gente refere-se mais freqüentemente ao próprio falante. Já o pronome nós é mais usado na referência conjunta ao falante e outrem. O pronome a gente tende a prevalecer antecedido por ele mesmo, ou com sujeito apagado e verbo sem marca; já o pronome nós, na condição de forma marcada, predomina na primeira referência, ou quando precedido por ele mesmo, ou pela forma verbal marcada na oração anterior, confirmando o princípio do paralelismo discursivo. A gente é mais usado nos textos descritivos, enquanto o pronome nós vem revelando-se mais produtivo no gênero narrativo. O pronome a gente prevalece nos discursos do próprio falante, já o pronome nós predomina no discurso reportado; provavelmente em função de um maior monitoramento da fala nesses momentos. Não se observou um predomínio do a gente entre os mais jovens, e surpreendeu a sua alta freqüência entre os falantes de meia idade. O uso da variante a gente predomina entre os que já viveram fora do município, enquanto os que nele sempre permaneceram deram mostra de favorecimento ao uso do pronome nós. Revelou-se um favorecimento do uso do pronome inovador na Sede do Município de Santo Antônio de Jesus e o predomínio do uso da forma conservadora na zona rural. Portanto, não obstante o resultado da variável faixa etária, o uso do pronome a gente é amplamente majoritário na fala popular do Município de Santo Antônio de Jesus; refletindo uma mudança que vem de fora, através dos falantes que têm um maior contato com os grandes centros urbanos, ou daqueles que estão mais expostos aos meios de comunicação de massa. Os resultados dessa análise fornecem elementos para uma reflexão sobre os processos sócio-históricos que concorreram para a formação da variedade de língua popular usada na região em foco, ressaltando-se a participação do contato entre línguas.
Cette dissertation présente une analyse de la variation de l'alternance entre les formes linguistiques nous et on pour l'expression du sujet à la première personne du pluriel en portugais populaire de l'intérieur de l'Etat de Bahia, à partir de la vérification de la parole vernaculaire relevée dans des interviews avec vingt-quatre locuteurs des régions urbaine et rurale de la municipalité de Santo Antônio de Jesus dans le Recôncavo baiano. Fondée sur les principes théoriques et méthodologiques de la sociolinguistique variationiste, l'analyse décrit les contextes linguistiques et extralinguistiques conditionnant l'usage d'un pronom au détriment de l'autre et présente un diagnostic du processus de la variation des termes de la dichotomie de variations stables ou de changement en cours. Sur un total de 1.970 références à la première personne du pluriel la forme on est arrivée à un total de 93% des cas, contre 7% pour la forme nous. Les résultats de l’analyse quantitative ont révélé que l’usage de la variante on est en corrélation avec la réalisation phonétique de cette forme pronominale, alors que l’effacement du sujet est plus utilisé avec la variante conservatrice nous. En ce qui concerne la sémantique, le pronom on fait référence plus fréquemment au propre locuteur. Par ailleurs, le pronom nous, accompagné de la forme verbale marquée, prédomine dans la première référence, ou quand il est précédé par lui-même ou par la forme verbale marquée dans la proposition antérieure, confirmant par là-même le principe du parallélisme discursif. On est plus utilisé dans les textes discursifs alors que le pronom nous se révèle le plus productif dans le genre narratif du propre locuteur, et qu'il prédomine dans le discours rapporté, problablement en fonction d’un acompagnement de la parole. On n'a pas observé une prédominance de on parmi les plus jeunes, et sa haute fréquence a surpris parmi les locuteurs du troisiéme âge.L’usage de la variante on prédomine parmi ceux qui ont vécu en dehors de leur ville, alors que ceux qui y sont toujours restés ont favorisé l’usage du pronom nous. On s’est révelé la préférence d’usage comme pronom innovateur dans la ville de Santo Antônio de Jesus alors que l'usage de la forme conservatrice prédomine dans la zone rurale. Donc, malgré le résultat d’une tranche d’âge variable des informants, l’usage du pronom on est largement majoritaire dans le parler populaire de la municipalité de Santo Antônio de Jesus, reflétant un changement qui vient du dehors, à travers les locuteurs qui ont un plus grand contact avec les grands centres urbains, ou ceux qui sont plus exposés aux moyens de communication de masse. Les résultats de cette analyse fournissent des éléments pour une réflexion sur les processus socio-historiques qui contribuent à la formation de la variété de la langue populaire, utilisée dans la région citée, par la mise en relief de la participation du contact entre langues.
Palavras-chave: Sociolingüística
Língua portuguesa - História
Língua portuguesa - Português falado - Santo Antônio de Jesus (BA)
Linguagem e línguas - Variação
Língua portuguesa - Sintagma nominal
Língua portuguesa - Pronomes
Sociolinguistics
Portuguese language - History
Portuguese language - Spoken Portuguese - Santo Antônio de Jesus (BA)
Language and languages - Variation
Portuguese language - Noun phrase
Portuguese language - Pronoun
CNPq: Lingüística, Letras e Artes
País: brasil
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28771
Data do documento: 7-Mar-2019
Aparece nas coleções:Dissertação (PPGLL)

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