Distribuição da tuberculose e condições de vida em Salvador: uma análise espacial.

Abstract

Introdução: A tuberculose (TB) é um problema importante de saúde pública no mundo e no Brasil, onde foram notificados 80.000 novos casos por ano e ocupa a 16ª posição entre os países com maior carga de doença. Na Bahia, a taxa de incidência foi de 34,4/100.000 habitantes e Salvador apresentou uma taxa de 73,7 por 100.000 habitantes em 2007. Vários estudos em países desenvolvidos e em desenvolvimento apontam associação da tuberculose com as precárias condições de vida. Visando entender a distribuição da tuberculose no espaço urbano, novas metodologias como a análise espacial, através de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), tem sido implementadas. Objetivo: Este estudo tem como objetivos identificar os padrões de distribuição espacial da taxa de incidência da tuberculose assim como avaliar a associação entre as condições de vida e as taxas medias de tuberculose nos bairros de Salvador nos anos 1995-1996 e 2004-2005 Métodos: Foi realizado um estudo ecológico utilizando técnicas de análise espacial para identificar os padrões da distribuição de TB e áreas de risco no Salvador. Análise de regressão espacial foi utilizada para avaliar a ssociação entre o Índice de Condições de Vida (ICV) e a taxa de incidência de TB. Resultados: Identificou-se um padrão heterogêneo de distribuição da taxa de incidência de tuberculose nos bairros de Salvador correspondendo aos classificados com as piores condições de vida. Este padrão de distribuição apresentou uma autocorrelação espacial estimada pelo Índice de Moran Global estatisticamente significante. Observou-se uma associação estatisticamente significante entre os indicadores condições de vida e a incidência de tuberculose na regressão espacial no período 1995-1996, mas não no período 2004-2005. Conclusão: A pesar da diminuição das taxas de incidência de tuberculose entre os períodos, observou-se uma persistência da distribuição heterogênea destas taxas. Pode refletir na existência de desigualdades relacionadas às condições de vida, acesso aos serviços de saúde, e problemas operacionais nos programas de prevenção e controle da doença. A abordagem utilizada levando em conta o espaço e a identificação de áreas de risco contribuirá com o desenvolvimento de ações mais direcionadas para o controle da doença e seus determinantes.