Diário de passagem: poéticas visuais híbridas de um corpo mutável

Abstract

Esta dissertação é uma investigação teórico-prática em processos criativos, voltada para as poéticas visuais híbridas – Corpo e Materiais – através da Performance e pintura corporal, vista nesta pesquisa como ritual e extensão da máscara,respectivamente, usada no cotidiano e na arte, escondendo ou revelando as nossas múltiplas faces. Traz breve histórico transdisciplinar, inicialmente Artes Cênicas e Artes Visuais, fundamentado nas relações humanas e na arte, sem pretensões de esgotar os universos abrangentes que as envolvem, servindo de embasamento para enriquecer as minhas performances aqui apresentadas. Assim, tenho também o cuidado de não criar polarizações sócio-políticas e tecnológicas associadas ao corpo, em relação ao trabalho de alguns artistas que se utilizam desta linguagem,embora seja importante reverenciá-los. Abordo o corpo na sua inteireza física,espiritual e psíquica como também analisado por Jean Yves Leloup, Gaston Bachelard, Ana Maria Amaral, revelando as inquietações do homem contemporâneo com suas memórias impressas no corpo de forma consciente/inconsciente que são guardadas ou ficam marcadas desde o nascimento até a sua morte, criando rigidez ou flexibilidade diante da vida e das pessoas expressas nesta dissertação através de princípios observados nas performances e materiais empregados. Como metodologia, utilizo duas vertentes: uma apoiada na prática corporal do Sistema Laban/Bartenieff (LMA) e uma filosófica, a Poïetica defendida pela pesquisadora Sandra Rey. A primeira procura consciência no corpo com relação aos outros e ao espaço dinâmico, juntamente com a técnica do Movimento Genuíno desenvolvido por Marie Whitehouse, associando princípios da Psicologia de Carl G. Jung e Mary Wigman. A segunda é uma ciência e filosofia da criação, específica das Artes Visuais, que tem como parâmetros a Liberdade, a Errabilidade e a Eficacidade,princípios muito vivenciados pelo artista. Dessa forma, observa-se a união entre dois métodos o que pode ser representados pelo Anel de Moebius, superfície tridimensional que não tem fim, onde a teoria se interliga a prática, continuamente.Assim, apresentamos o corpo como canal de comunicação entre criador – obra –fruidor.