Universidade, Psicologia, Boundary-work e Ética

Abstract

Introdução: Os processos éticos envolvendo professores universitários por ensinarem a psicologia transpessoal, seguidos do êxito dos pedidos de recurso, e os casos em que profissionais tentaram defender-se de acusações de proselitismo religioso alegando praticarem esta abordagem motivaram essa investigação. Pela ética acadêmica e profissional, uma análise dessa problemática é necessária. Objetivo geral: Analisar o processo de reconhecimento e não reconhecimento da psicologia transpessoal na universidade. Objetivos específicos: 1). Discutir a delimitação de fronteiras na psicologia brasileira relativos à psicologia transpessoal no âmbito universitário; 2). Analisar os aspectos éticos da relação entre psicologia, espiritualidade e religião. Método: Confecção de dois artigos, através do método do boundary-work e da revisão narrativa da literatura. Principais resultados: motivações políticas interferem nos currículos universitários. A laicidade consiste no convívio entre diferentes visões de mundo, sem que uma sobressaia-se à outra. O mesmo princípio que era usado para bloquear a psicologia transpessoal, quando visto em seu completo significado, pode ser o argumento para o seu reconhecimento. O critério de reconhecimento de uma prática deve ser pautado na ética e no respeito aos direitos humanos. Considerações finais: A abstenção da discussão sobre religião, espiritualidade e laicidade resulta numa deficiência formativa que não prepara os profissionais para estas questões éticas. A capacidade de identificar os atos políticos presentes na atividade científica é importante para o cultivo da ética, e o conhecimento sobre essas temáticas pode auxiliar o discernimento entre o proselitismo religioso e a pluralidade epistemológica envolvendo a espiritualidade.

Introduction: The ethical processes involving university professors for teaching transpersonal psychology, followed by the success of the appeal, and the cases in which professionals tried to defend themselves against accusations of religious proselytism, claiming to practice transpersonal psychology motivated this investigation. Considering academic and professional ethics, an analysis of this problem is necessary. Course objective: To analyze the process of recognition and non-recognition of transpersonal psychology in the university. Specific objectives: 1) To discuss the boundary-work in brazilian psychology regarding transpersonal psychology in the university; 2) To analyze the ethical aspects of the relationship between psychology, spirituality and religion. Method: The making of two articles, through the method of boundary-work and narrative literature review. Main results: political motivations interfere in the university curricula. Secularity consists in the conviviality between different worldviews, in which one specific worldview does not stands out to another. The same principle that was used to block transpersonal psychology, when seen in its full meaning, may be the argument for its recognition. The criterion of recognition of a practice should be based on ethics and the respect for human rights. Final considerations: Abstaining from the discussion about religion, spirituality and secularity results in a formative deficiency that does not prepare professionals for these ethical issues. The ability to identify political acts present in the scientific activity is important for the ethics, and the knowledge about these themes can help discern between religious proselytism and epistemological plurality involving spirituality.