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Tipo: Tese
Título: Acidentes de trânsito e seus efeitos na qualidade de vida e funcionalidade dos condutores de veículos motorizados terrestres – estudo longitudinal de base populacional.
Autor(es): Ferreira, Luciano Nery
Autor(es): Ferreira, Luciano Nery
Abstract: O tema acidentes de trânsito (AT) tem sido tratado majoritariamente por meio da expressão da mortalidade associada, ou morbidade hospitalar. No entanto, existe um importante contingente de pessoas que se lesionam e, em decorrência dos AT, não necessariamente são hospitalizadas, mas podem ter necessidade de acesso aos serviços de saúde. Há evidências de que existem outras dimensões dos efeitos dos AT que marcam algumas alterações nas condições de vida e saúde das pessoas e não têm sido suficientemente investigadas no Brasil. Neste sentido, este estudo teve a finalidade de contribuir para a produção de informações epidemiológicas, de base populacional, a partir do acompanhamento de uma coorte de condutores de veículos motorizados terrestres. A Tese é composta por três artigos, que tiveram os seguintes objetivos específicos: Artigo 1 - Caracterizar e descrever a qualidade de vida e a independência funcional de condutores após o envolvimento em acidente de trânsito ; Artigo 2 - Identificar os determinantes da qualidade de vida e independência funcional de condutores em função do envolvimento em AT ; Artigo 3 - Estimar a magnitude da associação entre a utilização dos serviços de saúde em decorrência do envolvimento em AT e a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Trata-se de estudo de desenho longitudinal misto, tipo coorte com caso-controle aninhado, realizado com casos incidentes. A linha de base ocorreu entre os meses de julho e outubro de 2013, e recrutou 1.408 condutores maiores de 14 anos, residentes na zona urbana de Jequié, Estado da Bahia. A partir do seguimento da coorte com contatos quadrimestrais ao longo de 20 meses, foram investigados 138 condutores que se envolveram em AT, e 138 controles que não se envolveram em AT no mesmo período. Os participantes foram investigados com formulários estruturados específicos para cada etapa da pesquisa. As variáveis de desfecho foram a qualidade de vida – as oito dimensões do SF-36 mais uma medida sumarizada de qualidade de vida geral; a independência funcional – os três componentes da MIF; e a integração com a comunidade – os três domínios da CIQ. Foram investigadas algumas variáveis de interesse, como exposição principal e controle. A análise estatística empregada envolveu a análise de variância (ANOVA), teste de qui-quadrado de Pearson, teste Exato de Fisher, estatística Gamma de Goodman e Kruskal, teste t, modelos de regressão logística e de regressão logística ordinal. Os modelos finais permitiram estimar razões de chance (OR) e intervalos de confiança a 95%. O protocolo de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, e foi aprovado (Parecer nº 249.611). Todos os aspectos da Resolução CNS 466/12 foram respeitados, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A incidência cumulativa de ocorrência de lesões foi predominante entre os homens (44,9%), quando comparados às mulheres (35,0%) – valor de p = 0,285 –, e entre os mais jovens (58,5% nas pessoas com idade entre 15 a 29 anos) quando comparados a todas as outras faixas etárias – valor de p = 0,022. A ocorrência de lesões em múltiplas regiões foi mais frequente em ambos os sexos e na maioria das faixas etárias, com exceção da faixa etária dos 30 a 44 anos, na qual 21,2% tiveram apenas uma região do corpo afetada, enquanto 19,2% tiveram lesões em mais de uma parte do corpo. Quando os escores de qualidade de vida foram comparados antes (aferidos na linha de base) e depois do acidente de trânsito, as maiores proporções de redução do escore de qualidade de vida se deram nas dimensões capacidade funcional (40,0% entre os homens e 28,0% entre as mulheres), dor (50,0% entre os homens e 35,0% entre as mulheres), estado geral de saúde (51,0% entre os homens e 60,0% entre as mulheres), vitalidade (56,1% entre os homens e 32,5 entre as mulheres) e saúde mental (42,9% entre os homens e 37,5% entre as mulheres). Quando comparados com o grupo controle, 70,0% dos indivíduos que tiveram escore baixo para a dimensão aspectos físicos da qualidade de vida se envolveram em AT, ao passo que o envolvimento em AT se deu em 46,9% dos que apresentaram escore intermediário, e em 45,4% dos que foram classificados como escore alto para esta dimensão (valor de p = 0,007). Para a dimensão aspectos físicos, entre os homens, ter se envolvido em AT – OR = 0,43 (0,22 – 0,83), ter 12 ou mais anos de estudo – OR = 2,76 (1,22 – 6,22), e a coexistência de doenças – OR = 0,62 (0,46 – 0,85) influenciaram as chances dos indivíduos terem escores intermediários ou altos para esta dimensão, quando comparados com os que não se envolveram em AT, com os que têm até 11 anos de estudo e com os que não têm comorbidades. No que se refere à independência funcional, para o componente cognitivo, entre os homens, ter se envolvido em AT representou uma OR = 3,90 (1,88 – 8,08) para que as pessoas tivessem escores mais altos, quando comparadas com as que não se envolveram. Ainda para este componente, cada ano de idade adicional representou OR = 0,96 (0,94 – 0,99) entre os homens e OR = 0,94 (0,89 – 0,99) entre as mulheres. No que concerne à integração com a comunidade, o envolvimento em AT não apresentou significância estatística com nenhum dos domínios. No que se refere ao uso dos serviços de saúde, a população foi composta majoritariamente por condutores que não fizeram uso em decorrência do envolvimento em AT (78,3%). Entre os condutores que foram classificados como baixo escore para a dimensão aspectos físicos, 59,4% não usaram serviços de saúde em decorrência do AT, ao passo que 40,6% usaram (valor de p = 0,010). No caso da dimensão dor, o uso dos serviços de saúde em decorrência do AT representou OR = 0,41 (0,17 – 0,99) para que apresentassem escores classificados como intermediários ou altos, em comparação com os escores classificados como baixos. De maneira geral, destaca-se que o acidente de trânsito está associado à deterioração da qualidade de vida em algumas das suas dimensões. Para a funcionalidade, o envolvimento em AT significou maiores chances de ser classificado com maiores escores da MIF Total e cognitiva. Embora isto mereça mais estudos específicos, parece que o grau de independência funcional no grupo investigado estava mais ligado à idade e à presença de outras doenças. No que concerne ao uso dos serviços de saúde, estima-se que seja um potencial preditor da qualidade de vida em pessoas que se envolvem em AT, na medida em que parece ser um proxy de maior gravidade das lesões iniciais e produz maiores necessidades em saúde. Considera-se que este estudo desempenha algum avanço metodológico de estudo longitudinal de base populacional, e propõe o uso de desfechos alternativos para a avaliação em saúde após a ocorrência do acidente de trânsito.
Palavras-chave: Acidente de trânsito
Qualidade de vida
Trânsito
Saúde
Epidemiologia
Integração comunitária
CNPq: Saúde Coletiva
País: brasil
Sigla da Instituição: ISC-UFBA
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21629
Data do documento: 10-Mar-2017
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